Hoje vivi uma boa jornada de caça, mas que não começou tão bem como isso.
Embora tivesse configurado o despertador para as 05h30 não o deixei activado e acabei por acordar uma hora mais tarde do que pretendia. Felizmente que o Galileu se apercebeu que era dia de caça, muito provavelmente porque vira os preparativos no dia anterior, e começou a ladrar assim que notou o atraso.
Em consequência, como já tinha tudo arranjado de véspera, foi vestir à pressa, buscar a espingarda, dois punhados de cartuchos, meter tudo isso na carrinha, colocar os cães na caixa e partir rapidamente.
A meio caminho lembrei-me que não tinha tomado o pequeno-almoço, mas nessa altura também já era tarde demais para regressar e segui em frente.
Quando cheguei ao local pretendido, já este se encontrava apinhado de caçadores, pelo que optei por me deslocar para outro, mais amplo, e lá, apesar da sorte me ter saído semelhante, sempre me restou uma tira de terreno que, não sendo a melhor, tive que aproveitar por força das circunstâncias. Devia ter uns 100 metros de largura e era cortado por uma ribeira a cerca de 300 metros à minha frente. Nessa altura deviam ser umas 07h30.
À minha esquerda havia um muro de pedra seca, que delimitava o local onde me encontrava até à ribeira. Para além dessa parede estavam alguns caçadores e à minha direita outros. Todos eles já se encontravam a caçar antes de ter chegado.
A vegetação era ali escassa e dispersa. Caracterizava-se por pequenos silvados e alguns juncos. Havia também uma pequena encosta, virada para nascente, onde os poucos juncos e silvados se condensavam.
Tinha comigo a Galiza, o Galileu e dois recrutas de 5 meses cada um. O Gatilho e o Gavião. Para eles era a 4ª vez que iam à caça.
No primeiro dia, optei por familiariza-los com a imensidão de cheiros, de sons e da vida que irão encontrar ao longo da sua carreira. Por isso não levei espingarda e escolhi um lugar pouco utilizado, porque não sabia como reagiriam ao barulho dos tiros e à presença de outras matilhas. Desejava, acima de tudo, dedicar-lhes a máxima atenção, para melhor compreender as suas reacções e não deixar nenhum para trás. Portaram-se à altura, sempre curiosos e brincalhões, com alguma dificuldade na transposição dos obstáculos, como é natural, mas desenrascados.
No segundo, já com arma para ver como reagiam aos disparos, levei apenas um cão adulto a acompanha-los, e também passaram com distinção esse importante teste.
No terceiro dia foi terrível. Vento muito forte, frio e chuva.
Como avançava contra o vento, tinha dificuldade em fazer-me ouvir e os cães, que iam à minha frente, tinham tendência a afastar-se. Assim, em vez de estarmos juntos, os adultos caçavam de forma independente e os aprendizes brincavam, pelo que esse dia foi cancelado, minutos depois de ter começado.
Hoje, a manhã apresentava-se nublada, com o vento fraco e uma temperatura a rondar os 16ºC.
Como tem chovido, decidi começar seguindo a parede de pedra solta e foi mesmo aí que, passados alguns metros, atirei ao primeiro coelho. Concluída a parede, chego então à ribeira, que corria bem. Essa ribeira, que dá o nome ao lugar, é coberta por um extenso silvado e as suas encostas são conhecidas por albergarem boa caça. Os caçadores que me ladeavam inicialmente já lá se encontravam e os disparos, apesar de não serem seguidos, mantinham uma cadência constante. Embora estivessem a respeitar as distâncias, entendi que não merecia ocupar aquela zona enquanto ali estivessem e me dirigi para a pequena encosta mencionada acima, onde acabei por cobrar as restantes peças e atingir o limite que me cabia, finalizando deste modo, às 08h50, o dia que há pouco tinha principiado.
Recordarei com saudade esta jornada, porque caço apenas com os meus cães e senti muita satisfação pela forma como se portaram e me acompanharam. Também porque, apesar de ter chegado tarde e de me ter cabido a parcela menos atractiva, alcancei os objectivos, mas acima de tudo porque, de todos os caçadores que ali se encontravam, fui o primeiro a chegar à conta quando nem era isso o que mais me importava.
Embora tivesse configurado o despertador para as 05h30 não o deixei activado e acabei por acordar uma hora mais tarde do que pretendia. Felizmente que o Galileu se apercebeu que era dia de caça, muito provavelmente porque vira os preparativos no dia anterior, e começou a ladrar assim que notou o atraso.
Em consequência, como já tinha tudo arranjado de véspera, foi vestir à pressa, buscar a espingarda, dois punhados de cartuchos, meter tudo isso na carrinha, colocar os cães na caixa e partir rapidamente.
A meio caminho lembrei-me que não tinha tomado o pequeno-almoço, mas nessa altura também já era tarde demais para regressar e segui em frente.
Quando cheguei ao local pretendido, já este se encontrava apinhado de caçadores, pelo que optei por me deslocar para outro, mais amplo, e lá, apesar da sorte me ter saído semelhante, sempre me restou uma tira de terreno que, não sendo a melhor, tive que aproveitar por força das circunstâncias. Devia ter uns 100 metros de largura e era cortado por uma ribeira a cerca de 300 metros à minha frente. Nessa altura deviam ser umas 07h30.
À minha esquerda havia um muro de pedra seca, que delimitava o local onde me encontrava até à ribeira. Para além dessa parede estavam alguns caçadores e à minha direita outros. Todos eles já se encontravam a caçar antes de ter chegado.
A vegetação era ali escassa e dispersa. Caracterizava-se por pequenos silvados e alguns juncos. Havia também uma pequena encosta, virada para nascente, onde os poucos juncos e silvados se condensavam.
Tinha comigo a Galiza, o Galileu e dois recrutas de 5 meses cada um. O Gatilho e o Gavião. Para eles era a 4ª vez que iam à caça.
No primeiro dia, optei por familiariza-los com a imensidão de cheiros, de sons e da vida que irão encontrar ao longo da sua carreira. Por isso não levei espingarda e escolhi um lugar pouco utilizado, porque não sabia como reagiriam ao barulho dos tiros e à presença de outras matilhas. Desejava, acima de tudo, dedicar-lhes a máxima atenção, para melhor compreender as suas reacções e não deixar nenhum para trás. Portaram-se à altura, sempre curiosos e brincalhões, com alguma dificuldade na transposição dos obstáculos, como é natural, mas desenrascados.
No segundo, já com arma para ver como reagiam aos disparos, levei apenas um cão adulto a acompanha-los, e também passaram com distinção esse importante teste.
No terceiro dia foi terrível. Vento muito forte, frio e chuva.
Como avançava contra o vento, tinha dificuldade em fazer-me ouvir e os cães, que iam à minha frente, tinham tendência a afastar-se. Assim, em vez de estarmos juntos, os adultos caçavam de forma independente e os aprendizes brincavam, pelo que esse dia foi cancelado, minutos depois de ter começado.
Hoje, a manhã apresentava-se nublada, com o vento fraco e uma temperatura a rondar os 16ºC.
Como tem chovido, decidi começar seguindo a parede de pedra solta e foi mesmo aí que, passados alguns metros, atirei ao primeiro coelho. Concluída a parede, chego então à ribeira, que corria bem. Essa ribeira, que dá o nome ao lugar, é coberta por um extenso silvado e as suas encostas são conhecidas por albergarem boa caça. Os caçadores que me ladeavam inicialmente já lá se encontravam e os disparos, apesar de não serem seguidos, mantinham uma cadência constante. Embora estivessem a respeitar as distâncias, entendi que não merecia ocupar aquela zona enquanto ali estivessem e me dirigi para a pequena encosta mencionada acima, onde acabei por cobrar as restantes peças e atingir o limite que me cabia, finalizando deste modo, às 08h50, o dia que há pouco tinha principiado.
Recordarei com saudade esta jornada, porque caço apenas com os meus cães e senti muita satisfação pela forma como se portaram e me acompanharam. Também porque, apesar de ter chegado tarde e de me ter cabido a parcela menos atractiva, alcancei os objectivos, mas acima de tudo porque, de todos os caçadores que ali se encontravam, fui o primeiro a chegar à conta quando nem era isso o que mais me importava.