25 de fevereiro de 2007

Piedade 2005

No seguimento do "post" abaixo, em que venho recuperando alguns textos passados, deixo este também, produto de uma jornada ocorrida há dois anos atrás, em meados do mês de Setembro.

Pus-me a caminho por volta das 05H45. Era ainda noite e o céu apresentava-se encoberto, enquanto a temperatura permanecia amena. A humidade do ar era sufocante, característica daquela época.

Cheguei ao terreno passados 45 min., depois de percorrer, no final do percurso, uma estrada de terra batida, em muito mau estado, numa extensão aproximada de 1km.
A última vez que tinha caçado no sopé do Pico da Piedade foi há 3 anos, pelo que esperei que amanhecesse para observar melhor o espaço circundante e, daí, poder partir à procura de indícios que me ajudassem a compreender, de algum modo, os hábitos da população de coelhos lá residente.
Sentado numa encosta, aguardei pelo testemunho do novo dia.

Os cartuchos que levei, tinha-os há um bom par de anos e eram destinados aos patos que fazem a sua aparição anual nos poços da costa Oeste de Outubro a Dezembro. Ainda me sobravam duas caixas deles e pensei usa-los, pois alguns já apresentavam focos de ferrugem na copela, que limpei de véspera com um pouco de óleo e palha d'aço. Ficaram a brilhar, melhor do quando novos!
Nascido o dia e depois do cão dar umas corridas, esticar as patas e mudar a água às azeitonas, fomos procurar vestígios da presença de coelhos e sinais dos seus comportamentos. Num barreiro de terra vermelha, tivemos a sorte de encontrar alguns indícios que nos proporcionaram bons rastos e, depois de seguidos, bons tiros.

O vento era velho, de três dias, e fraco. Então, com calma e sem pressa, acabámos por bater toda a área com alguns sucessos e outros nem por isso.

Arrumámos a trouxa por volta das 11h30, com o sol a pino e regressámos cansados, mas satisfeitos por mais uma jornada!

24 de fevereiro de 2007

Coelho Trepador

Passou-se numa distante Quinta-feira, do mês de Agosto de 2005.
Acordei pelas 05h30. Já tinha o material todo preparado de véspera, pelo que, da cama para o terreno de caça, pouco demorei.
No local, cheguei a tempo de vislumbrar os primeiros raios de sol, que acabavam de despontar.

Esperei que passassem mais alguns minutos e assim que entendi, montei a espingarda, engatei o cinturão, soltei o Roquete e libertei o espírito ao mesmo tempo que me deixei envolver na imensidão de montes e vales, repletos de cores, de cheiros e sons que o Roquete investigou minuciosamente, esquadrinhando todos os recantos da paisagem.

Num silvado, situado num canto duma pastagem, bem protegido dos elementos por muros de pedra seca e bem exposto ao calor dos primeiros raios de sol, o cão ladrou, ganiu, saltou e por fim decidiu-se a mergulhar no emanharado de folhas, ramos e espinhos, que balançaram para todos os lados, devido ao drama do predador e da presa que se desenrolava no interior. Coloquei-me em posição, que até era boa, e esperei inquieto e suspenso.

Tratava-se de um terreno, numa encosta, que descia em escada até chegar a um precipício, de basalto negro e de terra vermelha, que caía na vertical em direcção ao mar. Era também rasgado por um ribeiro, mas não lhe perdia a vista sobre toda a sua extenção do lugar onde estava. Só não vislumbrava para lá da parede de pedra, que era alta e bem fechada, que protegia a moita, mas que o coelho não conseguiria, jamais, transpor. Asseverava eu!
Só poderia correr para mim ou para baixo e, em ambas as situações, conseguiria atirar bem e com êxito, disto me convencia, pelo que me deixei permanecer e aguardei inquieto e suspenso.

Finalmente saiu do silvado, sustendo tão desalmada correria a um metro da sarça e bem à minha frente, a cerca de 10 metros. Por detrás estavam as silvas e nelas o Roquete que lhe seguia o rasto frenética e ruidosamente. De imediato e sem pensar alinhei-o com 30gr de chumbo, mas optei por não arremessa-las. Não seria justo, nem seguro para o podengo, que não tardaria em aparecer e é de bom sangue fuzilar o coelho daquela maneira.

O tempo parou e, nesse instante, que se fosse transposto para o tempo dos relógios, duraria, bem à vontade, uma hora, o coelho olhou para mim e com um salto apoiou-se numa pedra, depois noutra e assim foi subindo o muro até transpor completamente tal obstáculo de pedra, que tinha bem mais de um metro de altura, embora não fosse exemplo do melhor prumo, e que pensei ser suficiente para desencorajá-lo a seguir naquele sentido.
Tão surpreso fiquei que acabei por não disparar e pelo receio que tive da chumbada poder fazer ricochete naquela parede velha e lá se foi o coelho, que também era velho, e que naquela manhã foi mais sabido do que eu!

Mais à frente, na margem do ribeiro, rebentou outro levantado pelo Roquete que o seguiu. Decidi atirar. Se acertasse, segurava-o com o segundo, mas falhei e acabei por conservar um cartucho. Foi uma boa decisão, porque a espoleta acabou por ter melhor destino, mais tarde, nessa mesma manhã.

Levei da Browning Cinergy, que me cativou desde o lançamento, mas por muita qualidade e boniteza que exibisse, nunca me permitiu o gozo e as alegrias que tive com a Beretta 686, anterior, e que tanto me arrependi de tê-la vendido. Acabei por ceder a Cinergy, porque detestei a assistência da marca e nunca me avezei àquela coronha (tipo lombo de javali), que me surpreendia toda a vez que disparava, pois desconhecia sempre a direcção e o desfecho da chumbada.

Já não recordo a espingarda nem possuo o cão que me acompanhou, mas esse coelho ainda vive e é bem real na minha memória, devido ao lance e à qualidade da lição que me deixou!

21 de fevereiro de 2007

Coelho vs Horta

O agricultor que, depois de muito esforço e investimento na realização da sua cultura, vê-a danificada ou destruída devido aos coelhos, concerteza que não ficará satisfeito, pelo que devemos compreender e desenvolver energias para evitar esse prejuízo, em vez de olhar para o lado e fazer de conta que não nos diz respeito.
É em virtude deste comportamento ou de outros semelhantes que, de há cerca de 2 anos, somos pressionados e prejudicados nos nossos interesses.

Dirão alguns, e com razão, que parte importante da responsabilidade dos danos, advêm dos próprios lavradores que, desleixados, não limpam a vegetação e os entulhos das orlas, das cercas, gerando condições propícias para o estabelecimento e desenvolvimento dos coelhos.
A outra parte surge do facto das batidas serem solicitadas aos serviços competentes quando as culturas estão a emergir do solo, apresentando os rebentos suculentos que os coelhos tanto adoram. Autorizadas as batidas, estas são quase ou tão nefastas para as plantas e para os vegetais quanto os coelhos, em razão da acção dos cães e dos caçadores, que acabam por esmagar, espezinhar e partir o que se encontra à superfície.

Porque parece que persistem os actos e os seus efeitos, acima descritos, foi introduzido, o n.º1, do Art.º 3º, no actual calendário venatório, que permite caçar o coelho nas Quintas-Feiras, Domingos e Feriados Nacionais e Regionais, desde o nascer do sol até ao pôr do sol, com o limite de 15 (quinze) peças por dia e por caçador.
O raciocíno subjacente foi: se matar 7 não resultou, matar 15 já deve resultar e para a nova época tudo parece indicar que será: se 15 não resultou, veremos se com 30 e assim por diante, enquanto, muitas das vezes, a perca que se verificou numa horta foi provocada por apenas uma coelha, que ali encontrou as condições ideais para construir a sua lura e alimentar a prole.
O pior é que só se chega a essa conclusão, como já se chegou muitas vezes, depois de autorizada e realizada uma autêntica carnificina!

20 de fevereiro de 2007

Os Coelhos da Ilha

Nesta tarde aproveitei para verificar a veracidade do que me têm contado sobre a inexistência de coelhos na zona de Cabrestantes, o que infelizmente acabei por verificar no local. Só tive a oportunidade de avistar um coelho ao longe o qual, em virtude de manifestar um comportamento nervoso, denotou não desfrutar de uma vida tranquila, apesar do local estar interdito à caça desde o fim do ano passado.

Parece que há alguém que caça entre o lugar do Polígono e dos Anjos com alguma regularidade e suspeita-se que a jantarada recentemente realizada, para os lados do Aeroporto, foi feita com coelhos caçados furtivamente na área da Mobil.
Se souberem alguma informação relativa a esses bandidos, por favor enviem-ma para o e-mail.

Em contraste com o panorama desolador da ilha, e a título de curiosidade, este grupo, com cerca de uma dúzia (+/-) de indivíduos, vive em paz e prospera bem próximo de uma urbanização, onde os furtivos não se atrevem.

Desta simples comparação poderíamos facilmente concluir que a caça furtiva se apresenta como uma das principais causas da diminuição, desaparecimento e mortandade da comunidade de coelhos bravos desta terra. O problema é que não se consegue quantificar e qualificar o prejuízo que os furtivos provocam!

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