No passado dia 27 de Janeiro de 2011, o Correio dos Açores publicou um artigo, da autoria do jornalista Afonso Quental, intitulado "Tertúlia Açoriana - Gualter Furtado e a literatura: A caça açoriana na escrita".
Trata-se de uma entrevista ao Caçador Açoriano Gualter Furtado, sobre a publicação do seu novo livro "UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA", que tomei a liberdade de transcrever:
"Livro «UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA», de Gualter Furtado, na impressão: «Defendo que a caça, quando praticada com desportivismo, amizade, lealdade, segurança, respeito pelos nossos amigos cães, respeito pela natureza e pelas espécies cinegéticas e numa aliança com a ciência e a investigação, é um verdadeiro acto de cultura».
Correio dos Açores - Nome, naturalidade, cidade e país onde reside?
Gualter José Andrade Furtado, natural do Vale das Furnas, resido presentemente nos Arrifes, concelho de Ponta Delgada, nos Açores.
O Primeiro livro que leu?
História do Vale das Furnas do Urbano de Mendonça Dias.
Quando começou a sentir a paixão pela leitura e pela caça?
Comecei a ler desde muito novo, os livros de aventuras foram sempre uma presença constante na minha juventude, depois conheci na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada dois Professores que nos incentivavam a ler e a escrever que foram o Dias de Melo e o Jacinto Soares Albergaria. O primeiro artigo que escrevi com cerca de 12 anos foi um pequeno trabalho que publiquei no Açoriano Oriental a defender a constituição de uma casa museu do Armando Cortes Rodrigues, e muito influenciado pelo Dr Jacinto Soares de Albergaria que para além de ser meu professor era também meu vizinho durante as férias grandes no Vale das Furnas. Acresce que convivi intensamente com amigos Furnenses que estudavam no Seminário e durante as férias quase se sentiam na obrigação de nos transmitir conhecimentos. Depois a nossa família era muito amiga do saudoso padre Afonso Quental, com quem também aprendi muito e fui um grande amigo. Quanto à caça esta é uma Paixão que tenho desde que me conheço, muito influenciada pelo meio ambiente, pelo meu avô, por alguns dos meus companheiros de escola primária como seja o António Manuel Galante e por um pescador da Ribeira Quente que foi o Manuel Caranguejo.
Qual é o seu género literário preferido?
Didáctico.
Na escola primária era habitual ter boas classificações nas redacções?
Sim, sem falsas modéstias fui um BOM aluno. Quando fui para a escola primária com 5 anos já levava a lição bem estudada, as minhas vizinhas, muito cultas para a época, tinham autênticas escolas nas suas casas, e entretinham-se a ensinar alguns dos miúdos da nossa rua, eu fui um deles. Quando fui para a primeira classe não tinha a idade oficial para frequentar a escola, a minha professora, aceitou-me na escola correndo alguns riscos, de tal forma que sempre que batiam à porta da sala de aulas eu corria logo para debaixo da secretária de madeira, o que se revelou muito útil num grande sismo que danificou seriamente a nossa escola, na ocasião eu não sofri nada graças ao meu treino intensivo de me esconder sempre que sentia qualquer barulho. Esta situação fez que eu para fazer a quarta classe tivesse de vir realizar o exame a Ponta Delgada. Enfim outros tempos.
Quais os livros que mais o marcaram?
Os livros que mais me marcaram foram “Os bichos” de Miguel Torga e o “Cão como nós” do Manuel Alegre.
Indique-me um livro de um escritor açoriano de que gostaria de ter sido o autor?
Gostaria de ter escrito muitos e de diversos escritores, mas refiro o “Pastor das Casas Mortas” do Daniel de Sá.
Convive normalmente com escritores, poetas, e cantadores açorianos. Que é que mais admira nessas expressões de cultura?
Tenho amigos escritores que muito prezo como são o Daniel de Sá e o Onésimo de Almeida, como também conheci Poetas Açorianos, mas foram os Cantadores ao Desafio que mais me marcaram. Em todos eles o que mais admiro sãos os seus conhecimentos e o seu carácter genuíno. A afirmação dos Açores sem nunca perder a universalidade é o que mais admiro na cultura.
Já escreveu um livro sobre caça. Sabemos que em breve irá lançar outro. Que espaço geográfico e social caracteriza nesse livro.
A parte substancial do Livro «UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA» é dedicada aos Açores, mas a minha reflexão ultrapassa a nossa Região, até porque a Caça não tem fronteiras e é hoje um problema global. Defendo que a caça, quando praticada com desportivismo, amizade, lealdade, segurança, respeito pelos nossos amigos cães, respeito pela natureza e pelas espécies cinegéticas e numa aliança com a ciência e a investigação, é um verdadeiro acto de cultura.
Não fora a acção de protecção e recuperação de habitats feita por muitos caçadores por este mundo fora e muitas espécies consideradas cinegéticas já tinham visto a sua dimensão demográfica ter sido reduzida substancialmente, ou estariam extintas, refiro-me por exemplo às aquáticas.
A mudança dos habitats, as doenças e os vírus, a mudança do clima, a utilização de químicos e pesticidas, os furtivos, matam muito mais do que os Caçadores. Por conseguinte, este livro é um contributo para a sustentabilidade da caça e um elogio à componente social e gastronómica que deve presidir ao acto da caça.
É um apaixonado pela Caça. Como tem sido a sua actividade nesse desporto.
A minha participação no Mundo da Caça tem sido constante, naturalmente com alguns erros que procuro corrigir, mas sempre de uma forma activa e transparente.
A caça sem cães e sem os outros amigos não faz sentido. Sou, presentemente, o presidente da Assembleia Geral da Confraria de Gastronomia Cinegética dos Açores, a primeira do país nesta vertente, o que muito me honra.
Escrevo em revistas nacionais de caça e procuro ter uma presença regular na imprensa escrita açoriana. Sempre que tenho oportunidade faço passeios pedestres em locais em que as espécies cinegéticas estão presentes, e visito museus de história natural.
Em síntese, a caça não é só matar, cada vez mais isto é o que me interessa menos."
Trata-se de uma entrevista ao Caçador Açoriano Gualter Furtado, sobre a publicação do seu novo livro "UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA", que tomei a liberdade de transcrever:
"Livro «UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA», de Gualter Furtado, na impressão: «Defendo que a caça, quando praticada com desportivismo, amizade, lealdade, segurança, respeito pelos nossos amigos cães, respeito pela natureza e pelas espécies cinegéticas e numa aliança com a ciência e a investigação, é um verdadeiro acto de cultura».
Correio dos Açores - Nome, naturalidade, cidade e país onde reside?
Gualter José Andrade Furtado, natural do Vale das Furnas, resido presentemente nos Arrifes, concelho de Ponta Delgada, nos Açores.
O Primeiro livro que leu?
História do Vale das Furnas do Urbano de Mendonça Dias.
Quando começou a sentir a paixão pela leitura e pela caça?
Comecei a ler desde muito novo, os livros de aventuras foram sempre uma presença constante na minha juventude, depois conheci na Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada dois Professores que nos incentivavam a ler e a escrever que foram o Dias de Melo e o Jacinto Soares Albergaria. O primeiro artigo que escrevi com cerca de 12 anos foi um pequeno trabalho que publiquei no Açoriano Oriental a defender a constituição de uma casa museu do Armando Cortes Rodrigues, e muito influenciado pelo Dr Jacinto Soares de Albergaria que para além de ser meu professor era também meu vizinho durante as férias grandes no Vale das Furnas. Acresce que convivi intensamente com amigos Furnenses que estudavam no Seminário e durante as férias quase se sentiam na obrigação de nos transmitir conhecimentos. Depois a nossa família era muito amiga do saudoso padre Afonso Quental, com quem também aprendi muito e fui um grande amigo. Quanto à caça esta é uma Paixão que tenho desde que me conheço, muito influenciada pelo meio ambiente, pelo meu avô, por alguns dos meus companheiros de escola primária como seja o António Manuel Galante e por um pescador da Ribeira Quente que foi o Manuel Caranguejo.
Qual é o seu género literário preferido?
Didáctico.
Na escola primária era habitual ter boas classificações nas redacções?
Sim, sem falsas modéstias fui um BOM aluno. Quando fui para a escola primária com 5 anos já levava a lição bem estudada, as minhas vizinhas, muito cultas para a época, tinham autênticas escolas nas suas casas, e entretinham-se a ensinar alguns dos miúdos da nossa rua, eu fui um deles. Quando fui para a primeira classe não tinha a idade oficial para frequentar a escola, a minha professora, aceitou-me na escola correndo alguns riscos, de tal forma que sempre que batiam à porta da sala de aulas eu corria logo para debaixo da secretária de madeira, o que se revelou muito útil num grande sismo que danificou seriamente a nossa escola, na ocasião eu não sofri nada graças ao meu treino intensivo de me esconder sempre que sentia qualquer barulho. Esta situação fez que eu para fazer a quarta classe tivesse de vir realizar o exame a Ponta Delgada. Enfim outros tempos.
Quais os livros que mais o marcaram?
Os livros que mais me marcaram foram “Os bichos” de Miguel Torga e o “Cão como nós” do Manuel Alegre.
Indique-me um livro de um escritor açoriano de que gostaria de ter sido o autor?
Gostaria de ter escrito muitos e de diversos escritores, mas refiro o “Pastor das Casas Mortas” do Daniel de Sá.
Convive normalmente com escritores, poetas, e cantadores açorianos. Que é que mais admira nessas expressões de cultura?
Tenho amigos escritores que muito prezo como são o Daniel de Sá e o Onésimo de Almeida, como também conheci Poetas Açorianos, mas foram os Cantadores ao Desafio que mais me marcaram. Em todos eles o que mais admiro sãos os seus conhecimentos e o seu carácter genuíno. A afirmação dos Açores sem nunca perder a universalidade é o que mais admiro na cultura.
Já escreveu um livro sobre caça. Sabemos que em breve irá lançar outro. Que espaço geográfico e social caracteriza nesse livro.
A parte substancial do Livro «UM CONTRIBUTO PARA A DEFESA DA CAÇA» é dedicada aos Açores, mas a minha reflexão ultrapassa a nossa Região, até porque a Caça não tem fronteiras e é hoje um problema global. Defendo que a caça, quando praticada com desportivismo, amizade, lealdade, segurança, respeito pelos nossos amigos cães, respeito pela natureza e pelas espécies cinegéticas e numa aliança com a ciência e a investigação, é um verdadeiro acto de cultura.
Não fora a acção de protecção e recuperação de habitats feita por muitos caçadores por este mundo fora e muitas espécies consideradas cinegéticas já tinham visto a sua dimensão demográfica ter sido reduzida substancialmente, ou estariam extintas, refiro-me por exemplo às aquáticas.
A mudança dos habitats, as doenças e os vírus, a mudança do clima, a utilização de químicos e pesticidas, os furtivos, matam muito mais do que os Caçadores. Por conseguinte, este livro é um contributo para a sustentabilidade da caça e um elogio à componente social e gastronómica que deve presidir ao acto da caça.
É um apaixonado pela Caça. Como tem sido a sua actividade nesse desporto.
A minha participação no Mundo da Caça tem sido constante, naturalmente com alguns erros que procuro corrigir, mas sempre de uma forma activa e transparente.
A caça sem cães e sem os outros amigos não faz sentido. Sou, presentemente, o presidente da Assembleia Geral da Confraria de Gastronomia Cinegética dos Açores, a primeira do país nesta vertente, o que muito me honra.
Escrevo em revistas nacionais de caça e procuro ter uma presença regular na imprensa escrita açoriana. Sempre que tenho oportunidade faço passeios pedestres em locais em que as espécies cinegéticas estão presentes, e visito museus de história natural.
Em síntese, a caça não é só matar, cada vez mais isto é o que me interessa menos."