Opinião de António Luiz Pacheco, sobre manifestação em Fátima, por alegados maus tratos a animais no Santuário.
"Há agora um grupo de pessoas que se dizem partido político… dos animais! Bem, de facto ele há muita besta na política… mas um partido dos animais é daquelas coisas que custam um bocado a perceber cá ao meu bestunto de barrão, inculto e ao que parece incivilizado… pelo menos segundo os padrões daqueles.
Este partido, julgo que a evolução da “senhora dos gatos” passada do acto de dar milho aos pombos na praça à acção política, pretende tornar melhor o nosso país por via desta política dita dos animais! Na minha pobreza de espírito, não vislumbro como, pois francamente não vejo o “timpanas” presidente da junta, nem o “fandango” deputado…
Bom, na minha assumida ignorância destas coisas da governação, seja ela animal ou humana, me pergunto se para o país ser deveras melhor não seria antes de olhar para as pessoas e a forma como são tratadas? Eles afirmam que um país pode ser avaliado pela forma como trata seus animais… é capaz… mas e a forma como trata dos velhos? Dos doentes? Das crianças? Dos contribuintes e cidadãos em geral… não seria melhor começar primeiro por aí? Enfim, creio que teríamos depois tempo e oportunidade de se chegar aos animais… e falo daqueles de 4 patas, como costuma dizer-se!
Se calhar eu até sou um dos tais rústicos que segundo eles precisamos de facto de ser educados, civilizados e ajudados a evoluir, aceito que sim! Julgar que não, seria fazer como eles que se presumem o topo da evolução humana, e o demonstram aliás na sua cuidada apresentação, de barbas e cabelos artisticamente do mais ou menos desgrenhado ao totalmente pelado (neste caso sempre dificulta a proliferação dos ectoparasitas, vulgo pulgas e piolhos…), através de estéticos piercings e tatuagens, naquelas roupas do mais puro bom-gosto e fino corte de costureira de sacas, e nas idéias elevadas advindas do consumo de alucinogénios, não se coibindo de desejar mal, a punição física ou mesmo a morte aos que como eles não pensam! Verdadeiros modelos e exemplo da cultura e civilidade que pretendem possuir, só igualadas pela tolerância demonstrada…
Esta a forma em que julgo se consubstancia, à primeira vista, a afirmação absoluta dessa sua superioridade civilizacional. Assim sendo, reconheço totalmente o meu atraso e a minha incultura, que me levam a aparar a barba e a pentear o cabelo, a vestir-me de modo a que as pessoas não se sintam tentadas a dar-me esmola quando se cruzam comigo, que justifico assim não fora e provávelmente a minha mulher me mandaria dormir lá para fora com a malta canina! Seria sem dúvida muito bem-recebido por todos eles, mas confesso que se arriscava a ser incómodo… para mim que não sou animal!
E por isso, sendo apenas humano e um barrão embrutecido não me posso impedir de perguntar, nessa ignorância destas coisas e causas elevadas:
- Então e vão fazer uma manifestação para o Santuário de Fátima? Coisa que nem os comunistas mais ímpios ou empedernidos se atreveram a fazer nunca… uma manifestação pelos animais num local sagrado e de fé? Onde vibram e foram depositados os sentimentos mais profundos de milhares de pessoas por várias dezenas de anos, as suas mágoas e esperanças? Pode nem se acreditar ou mesmo não se sentir, mas num local de fé… uma manifestação pelos animais?
Esta gente será boa da cabeça? Ou sou eu que estou de facto cego por 55 anos de viver sob princípios falsos… Ou terão eles já passado ao estatuto de besta, directamente?
Aquilo não é afinal prova de insensibilidade profunda e desrespeito total pelos outros humanos, de tão devotados aos animais? Acaso algum deles será capaz de ao menos respeitar, já nem digo sentir, o desespero de uma mãe que tenha prometido dar voltas de joelhos pela salvação dum filho e que num extremo de fé e dor o vai cumprir… ao lado de alguém que está ali a marcar presença por causa da captura de cães vadios? Algum deles alguma vez conheceu uma aflição verdadeira, que não seja a falta de cigarros…
Ainda por cima exigem que a Igreja Católica dê o exemplo… e manifestam-se ali, livremente… pergunto-me o que aconteceria se fossem fazer o mesmo, lá num local sagrado para os muçulmanos? Querem prova maior de civilidade e tolerância do que o não terem sido logo ali e sumariamente apedrejados até à morte?
Ou seja, serei mesmo eu, barrão, inculto e ignorante, com princípios que me levam a respeitar as crenças alheias, quem precisa dessa “civilidade”? Francamente, não me parece… e julgo que à “binga”, ao “panda”, à “lola” e à “pigui” tal não faça diferença. Ali a “gatilda”, boceja e espreguiça-se… é, acho que ela tem razão!
A fechar e se me derem a oportunidade, aproveitando a paciência deste jornal e a benevolência de quem me leia, atrevia-me nessa minha enorme ignorância quiçá ingenuidade aldeã de barrão, a propor algo que de facto melhorasse o nosso país e fizesse dele um lugar mais evoluído. Algo que está ao alcance de todos nós, e é apenas uma questão de atitude, de percebermos que não viémos ao Mundo para dificultar a vida aos outros… e que se corra esse risco de embora podendo parecer “totós”, sermos um bocadinho melhores, no nosso dia-a-dia, em pequeninas coisas… boa-vontade, diria!
Quando estacionamos o carro, o façamos de modo a deixar espaço para que outro que venha a seguir possa estacionar também! Demos um minuto do nosso dia para deixar passar o velhote que arranca hesitante e com o carro aos soluços… aliviemos o pé do acelerador para diminuir a marcha e deixemos entrar na bicha aquele carro que está ali à espera… de ceder a nossa vez na fila do supermercado a duas pessoas que estão atrás de nós com poucos artigos, quando temos o carrinho cheio com as compras do mês!
Porque não havemos de nos dirigir com delicadeza e urbanidade ao funcionário no balcão dos correios ou das finanças? Desculpar alguma lentidão ao atendimento no café? Sorrir para a caixa que tenta desesperadamente registar a nossa compra num sistema informático criado por um tresloucado que nunca esteve atrás de uma registadora?
Que tal ajudar um idoso a descer o passeio ou a sair do carro? Dar um telefonema àquela tia viúva que vive sózinha e de quem nada sabemos faz meses… ajudar a vizinha antipática e feia a carregar o saco das compras, pensando que já lhe basta o fardo de ser assim… Ir ao hospital saber daquele conhecido que até nem tem muita gente… oferecermo-nos para trazer da escola o miúdo vizinho cujos pais trabalham até tarde e têm de se desdobrar… ou levá-lo ao hóquei com o nosso?
Não comprar artigos feitos em países e regimes que exploram e oprimem outro seres humanos, produtos esses tornados baratos pelo desrespeito dos seus direitos mais elementares, que têm como garantia o nosso egoísmo consumista de democratas evoluídos e ciosos desses direitos…
Há MILHARES destes pequenos gestos que podíamos experimentar praticar de modo espontâneo, sem esperar nada em troca salvo a felicidade de nos irmos tornando aos poucos em pessoas melhores, e então sim o país se tornaria melhor… porque umas coisas levam às outras!
Enfim, fica o desafio, sejam criativos… arranjem essas pequeninas formas, gestos e acções que os farão sentir melhor e verão que também o Mundo melhora! Para todos, incluindo os animais… até as vizinhas ficando mais simpáticas serão menos feias!
E deixem Fátima para as manifestações de fé…"
Texto da autoria de António Luiz Pacheco
"Há agora um grupo de pessoas que se dizem partido político… dos animais! Bem, de facto ele há muita besta na política… mas um partido dos animais é daquelas coisas que custam um bocado a perceber cá ao meu bestunto de barrão, inculto e ao que parece incivilizado… pelo menos segundo os padrões daqueles.
Este partido, julgo que a evolução da “senhora dos gatos” passada do acto de dar milho aos pombos na praça à acção política, pretende tornar melhor o nosso país por via desta política dita dos animais! Na minha pobreza de espírito, não vislumbro como, pois francamente não vejo o “timpanas” presidente da junta, nem o “fandango” deputado…
Bom, na minha assumida ignorância destas coisas da governação, seja ela animal ou humana, me pergunto se para o país ser deveras melhor não seria antes de olhar para as pessoas e a forma como são tratadas? Eles afirmam que um país pode ser avaliado pela forma como trata seus animais… é capaz… mas e a forma como trata dos velhos? Dos doentes? Das crianças? Dos contribuintes e cidadãos em geral… não seria melhor começar primeiro por aí? Enfim, creio que teríamos depois tempo e oportunidade de se chegar aos animais… e falo daqueles de 4 patas, como costuma dizer-se!
Se calhar eu até sou um dos tais rústicos que segundo eles precisamos de facto de ser educados, civilizados e ajudados a evoluir, aceito que sim! Julgar que não, seria fazer como eles que se presumem o topo da evolução humana, e o demonstram aliás na sua cuidada apresentação, de barbas e cabelos artisticamente do mais ou menos desgrenhado ao totalmente pelado (neste caso sempre dificulta a proliferação dos ectoparasitas, vulgo pulgas e piolhos…), através de estéticos piercings e tatuagens, naquelas roupas do mais puro bom-gosto e fino corte de costureira de sacas, e nas idéias elevadas advindas do consumo de alucinogénios, não se coibindo de desejar mal, a punição física ou mesmo a morte aos que como eles não pensam! Verdadeiros modelos e exemplo da cultura e civilidade que pretendem possuir, só igualadas pela tolerância demonstrada…
Esta a forma em que julgo se consubstancia, à primeira vista, a afirmação absoluta dessa sua superioridade civilizacional. Assim sendo, reconheço totalmente o meu atraso e a minha incultura, que me levam a aparar a barba e a pentear o cabelo, a vestir-me de modo a que as pessoas não se sintam tentadas a dar-me esmola quando se cruzam comigo, que justifico assim não fora e provávelmente a minha mulher me mandaria dormir lá para fora com a malta canina! Seria sem dúvida muito bem-recebido por todos eles, mas confesso que se arriscava a ser incómodo… para mim que não sou animal!
E por isso, sendo apenas humano e um barrão embrutecido não me posso impedir de perguntar, nessa ignorância destas coisas e causas elevadas:
- Então e vão fazer uma manifestação para o Santuário de Fátima? Coisa que nem os comunistas mais ímpios ou empedernidos se atreveram a fazer nunca… uma manifestação pelos animais num local sagrado e de fé? Onde vibram e foram depositados os sentimentos mais profundos de milhares de pessoas por várias dezenas de anos, as suas mágoas e esperanças? Pode nem se acreditar ou mesmo não se sentir, mas num local de fé… uma manifestação pelos animais?
Esta gente será boa da cabeça? Ou sou eu que estou de facto cego por 55 anos de viver sob princípios falsos… Ou terão eles já passado ao estatuto de besta, directamente?
Aquilo não é afinal prova de insensibilidade profunda e desrespeito total pelos outros humanos, de tão devotados aos animais? Acaso algum deles será capaz de ao menos respeitar, já nem digo sentir, o desespero de uma mãe que tenha prometido dar voltas de joelhos pela salvação dum filho e que num extremo de fé e dor o vai cumprir… ao lado de alguém que está ali a marcar presença por causa da captura de cães vadios? Algum deles alguma vez conheceu uma aflição verdadeira, que não seja a falta de cigarros…
Ainda por cima exigem que a Igreja Católica dê o exemplo… e manifestam-se ali, livremente… pergunto-me o que aconteceria se fossem fazer o mesmo, lá num local sagrado para os muçulmanos? Querem prova maior de civilidade e tolerância do que o não terem sido logo ali e sumariamente apedrejados até à morte?
Ou seja, serei mesmo eu, barrão, inculto e ignorante, com princípios que me levam a respeitar as crenças alheias, quem precisa dessa “civilidade”? Francamente, não me parece… e julgo que à “binga”, ao “panda”, à “lola” e à “pigui” tal não faça diferença. Ali a “gatilda”, boceja e espreguiça-se… é, acho que ela tem razão!
A fechar e se me derem a oportunidade, aproveitando a paciência deste jornal e a benevolência de quem me leia, atrevia-me nessa minha enorme ignorância quiçá ingenuidade aldeã de barrão, a propor algo que de facto melhorasse o nosso país e fizesse dele um lugar mais evoluído. Algo que está ao alcance de todos nós, e é apenas uma questão de atitude, de percebermos que não viémos ao Mundo para dificultar a vida aos outros… e que se corra esse risco de embora podendo parecer “totós”, sermos um bocadinho melhores, no nosso dia-a-dia, em pequeninas coisas… boa-vontade, diria!
Quando estacionamos o carro, o façamos de modo a deixar espaço para que outro que venha a seguir possa estacionar também! Demos um minuto do nosso dia para deixar passar o velhote que arranca hesitante e com o carro aos soluços… aliviemos o pé do acelerador para diminuir a marcha e deixemos entrar na bicha aquele carro que está ali à espera… de ceder a nossa vez na fila do supermercado a duas pessoas que estão atrás de nós com poucos artigos, quando temos o carrinho cheio com as compras do mês!
Porque não havemos de nos dirigir com delicadeza e urbanidade ao funcionário no balcão dos correios ou das finanças? Desculpar alguma lentidão ao atendimento no café? Sorrir para a caixa que tenta desesperadamente registar a nossa compra num sistema informático criado por um tresloucado que nunca esteve atrás de uma registadora?
Que tal ajudar um idoso a descer o passeio ou a sair do carro? Dar um telefonema àquela tia viúva que vive sózinha e de quem nada sabemos faz meses… ajudar a vizinha antipática e feia a carregar o saco das compras, pensando que já lhe basta o fardo de ser assim… Ir ao hospital saber daquele conhecido que até nem tem muita gente… oferecermo-nos para trazer da escola o miúdo vizinho cujos pais trabalham até tarde e têm de se desdobrar… ou levá-lo ao hóquei com o nosso?
Não comprar artigos feitos em países e regimes que exploram e oprimem outro seres humanos, produtos esses tornados baratos pelo desrespeito dos seus direitos mais elementares, que têm como garantia o nosso egoísmo consumista de democratas evoluídos e ciosos desses direitos…
Há MILHARES destes pequenos gestos que podíamos experimentar praticar de modo espontâneo, sem esperar nada em troca salvo a felicidade de nos irmos tornando aos poucos em pessoas melhores, e então sim o país se tornaria melhor… porque umas coisas levam às outras!
Enfim, fica o desafio, sejam criativos… arranjem essas pequeninas formas, gestos e acções que os farão sentir melhor e verão que também o Mundo melhora! Para todos, incluindo os animais… até as vizinhas ficando mais simpáticas serão menos feias!
E deixem Fátima para as manifestações de fé…"
Texto da autoria de António Luiz Pacheco