24 de julho de 2014

O Posicionamento do Caçador Moderno

No início deste novo século nos deparamos com três desafios monumentais, sendo eles provenientes das novas tecnologias aplicadas à caça, a sustentabilidade das espécies e o posicionamento do caçador na sociedade.
Nas linhas que se seguem abordarei precisamente este último, por considerar depender dele a solução dos restantes.
A tarefa não se nos afigura fácil quando, em face da incompreensão a que somos votados, nos recolhemos e fechamos em copas perante uma oposição que se apresenta determinada contra a actividade venatória e nos acusa de egoísmo e da prática de alegados comportamentos marginais, através duma estratégia que, na falta de reacção, os faz ganhar adeptos e influência.
Temos a responsabilidade de alterar esta tendência e o devemos fazer participando activamente na comunidade, pois se hoje nos encontramos em clara desvantagem foi precisamente porque abdicamos dessa prática algures no percurso.
A verdade é que num determinado momento nos distanciamos da sociedade, a qual, por via desse fosso e auxílio dos delatores, deixou de nos reconhecer e acabou por esquecer o mérito da nossa contribuição.
Nestas condições pouco ou nada temos recebido para além da indiferença, da incompreensão e da rejeição.
Podemos começar por identificar nas forças vivas mais próximas, sobretudo nas freguesias e nos concelhos onde caçamos, interesses comuns e procurando executa-los em conjunto, com o objectivo de criar parcerias duradouras.
Não bastam as boas ideias, que até existem e que se vão praticando um pouco por todo o país, mas há que enquadra-las nos planos de gestão e de desenvolvimento dos municípios.
Será no estabelecimento e na administração desses interesses comuns, que se deve posicionar o novo caçador, para recuperar e reforçar os laços perdidos.
Relativamente à sustentabilidade da fauna selvagem, receia-se a contínua deterioração dos habitats e o contínuo decréscimo das populações animais, porém depositam-se esperanças na descoberta de tratamentos eficazes para a diversidade das moléstias que afectam as espécies cinegéticas. Por outro lado teremos acesso a tecnologias de elevada precisão, adaptada aos mecanismos de pontaria e munições, em que o sucesso do disparo deixará de depender da habilidade ou da destreza do atirador desvirtuando totalmente a essência da caça.
Os novos tempos estão aí e preparam-se para nos apresentar desafios de tão grande complexidade que nos farão debater profundamente princípios e procedimentos que temos agora por imutáveis.
Cabe-nos, enquanto caçadores, a responsabilidade de analisar tudo isto e de promover uma séria discussão interna, num processo que deverá ser dinâmico e atento aos constantes desenvolvimentos, mas sempre no firme pressuposto da defesa e integração do caçador português na sociedade do séc. XXI.

Retrato da autoria de Francisco Charneca

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© Pedro Miguel Silveira

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