Domingo, dia
25 de Novembro de 2012, eram seis horas
manhã, escuro como breu, preparava-me para, com os meus podengos e cruzados,
rumar ao Nordeste, quando ouvi dois tiros para os lados da Castanheira. Perguntei-me quem seriam tais alminhas de Deus e o que estariam a “caçar” àquela hora?! Voltei a questionar-me,
o que é que iria fazer para o Nordeste, se o coelho bravo naquele concelho estava
à beira da extinção? Evidentemente que só o facto de poder ir ao Nordeste
passear (este é o termo correcto) com os
meus cães já me proporciona momentos de grande felicidade, pelo que lá decidi
ir.
Estes Domingos
de caça ao coelho bravo com cães, sem espingarda e as Scuts, conduziram a uma grande
concentração de matilhas no concelho de Nordeste, em zonas
fracas de silvados, barreiras e de pequenas grotas, levando a população de
coelhos que lá existia à beira da extinção.
Em locais onde
caçava com 3 a 5 cães, assisti agora à presença de 10 e mais cães com 4 a
5 “caçadores “. O resultado está à
vista de todos!
Nos últimos 30
anos nunca fui caçar ao Nordeste que não visse coelhos bravos (no plural). Nestes dois Domingos que faltam, se eu e outros caçadores virmos 1 ou 2
coelhos seremos, na verdade, uns felizardos e isto com poucos cães, mas que
sabem o que estão a fazer!
Acresce a tudo
isto que nestes últimos anos o Nordeste tem sido um paraíso para o furtivismo.
Naquele
concelho a caça com espingarda está interdita para os caçadores que respeitam
as normas e cumprem a lei, mas para aqueles
que, dissimulados e pela calada da noite continuam a matar coelhos, para estes a "caça" continua e não existem limites ou quaisquer restrições!
Evidentemente que, nos dias e nas
noites de hoje, ir para o mato prevenir
e combater o furtivismo não será tarefa fácil, sobretudo com os incentivos e os
meios que se encontram à disposição dos Guardas Florestais e da P.S.P., mas
alguma coisa tem de ser feita, já que esta política de fechar a caça a quem
está legal, na esperança de que as espécies cinegéticas irão recuperar e
multiplicar-se, por si só, não está a dar bons resultados, antes pelo contrário.
Está sim a ter efeitos perversos.
Com tudo isto, na Ilha de São
Miguel uma parte importante e muito significativa do nosso património cinegético mais
emblemático (que é o coelho bravo) foi-se com a última epidemia de hemorrágica, uma outra é continuamente assaltada pelos furtivos e a restante está a ser desbaratada
por políticas cinegéticas erradas!
Gualter
Furtado, Novembro de 2012
Texto e foto da autoria de Gualter Furtado
Texto e foto da autoria de Gualter Furtado