26 de novembro de 2012

Coelho Bravo do Nordeste - A caminho do deserto cinegético

Domingo, dia 25 de Novembro de 2012,  eram seis horas manhã, escuro como breu, preparava-me para, com os meus podengos e cruzados, rumar ao Nordeste, quando ouvi dois tiros para os lados da Castanheira. Perguntei-me quem seriam tais alminhas de Deus e o que estariam a “caçar” àquela hora?! Voltei a questionar-me, o que é que iria fazer para o Nordeste, se o coelho bravo naquele concelho estava à beira da extinção? Evidentemente que só o facto de poder ir ao Nordeste passear (este é o termo correcto)  com os meus cães já me proporciona momentos de grande felicidade, pelo que lá decidi ir.  

Estes Domingos de caça ao coelho bravo com cães, sem espingarda  e as Scuts, conduziram a uma grande concentração de matilhas no concelho de Nordeste, em zonas  fracas de silvados, barreiras e de pequenas grotas, levando a população de coelhos que lá existia à beira da extinção.
Em locais onde caçava com 3 a 5 cães, assisti agora à presença de 10 e mais cães com 4 a 5  “caçadores “. O resultado está à vista de todos!
Nos últimos 30 anos nunca fui caçar ao Nordeste que não visse coelhos bravos (no plural). Nestes dois Domingos que faltam, se eu e outros caçadores virmos 1 ou 2 coelhos seremos, na verdade, uns felizardos e isto com poucos cães, mas que sabem o que estão a fazer!
Acresce a tudo isto que nestes últimos anos o Nordeste tem sido um paraíso para o furtivismo.
Naquele concelho a caça com espingarda está interdita para os caçadores que respeitam as normas e cumprem a lei, mas para  aqueles que, dissimulados e pela calada da noite continuam a matar coelhos, para estes a "caça" continua e não existem limites ou quaisquer restrições! 
Evidentemente que, nos dias e nas noites de hoje,  ir para o mato prevenir e combater o furtivismo não será tarefa fácil, sobretudo com os incentivos e os meios que se encontram à disposição dos Guardas Florestais e da P.S.P., mas alguma coisa tem de ser feita, já que esta política de fechar a caça a quem está legal, na esperança de que as espécies cinegéticas irão recuperar e multiplicar-se, por si só, não está a dar bons resultados, antes pelo contrário. Está sim a ter efeitos perversos.

Com tudo isto, na Ilha de São Miguel uma parte importante e muito significativa do nosso património cinegético mais emblemático (que é o coelho bravo) foi-se com a última epidemia de hemorrágica, uma outra é continuamente assaltada pelos furtivos e a restante está a ser desbaratada por políticas cinegéticas erradas!

Gualter Furtado, Novembro de 2012

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

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