"Na presente época venatória a caça à Codorniz na Ilha de São Miguel por processo de caça "de salto" com cão de parar, começou no 2º Domingo de Dezembro e terminou no último Domingo do mesmo mês.
A caça a esta espécie cinegética só foi autorizada aos Domingos, das 9h às 12h, e com um limite máximo de 5 Codornizes por jornada.
São cada vez menos as Codornizes que se reproduzem no seu meio ambiente, devido, sobretudo, à alteração dramática do seu habitat, sendo também vitimas da utilização de químicos, de pesticidas nas culturas e do forte recurso às máquinas agrícolas com resultados devastadores para a população destas aves, sobretudo na época da reprodução. As codornizes têm um comportamento muito gregário, mas mesmo assim ainda temos algumas verdadeiramente bravas e autênticas heroínas. Paralelamente e bem a Direcção dos Recursos Florestais tem vindo a produzir em cativeiro algumas codornizes a partir, suponho que, de ovos geneticamente bravios e da mesma variedade da nossa Codorniz Açoriana.
Para compor o efectivo bravo existente na Ilha de São Miguel estas "codornizes de aviário" são posteriormente lançadas no campo, principalmente nas vésperas da abertura da caça (tanto quanto julgo saber), em locais que só os mais bem informados, os que têm tempo suficiente para andar no campo a fazer prospecção e os sortudos conhecem. Nesta vertente em especial existem algumas semelhanças com o que se passava há uns anos atrás com as trutas criadas nos viveiros e lançadas nas ribeiras também nas vésperas das aberturas!
Em síntese , o resultado deste tipo de caçaria depende cada vez menos da destreza do caçador ou da qualidade do seu cão, mas cada vez mais de factores aleatórios, do tipo "lotaria" ou do "chico espertismo" (já que não acredito nos factores do tipo "siciliano").
Não obstante este pormenor, ainda é possível se passar uns momentos extraordinários a praticar este tipo de caça na companhia dos nossos cães de parar e cobrar algumas das Codornizes Açorianas, sempre, mas sempre, paradas pelos cães, porque "matar" Codornizes sem serem amarradas pelos nossos fiéis companheiros é tudo menos caçar."
Texto e foto da autoria de Gualter Furtado