22 de janeiro de 2009

Dos Cães e dos donos

Um bidão de 200 litros, deitado, velho, castanho da ferrujem e da terra que o cobria, esburacado, a desfazer-se, ao qual havia sido retirado o tampo, para que, dali, se pudesse fazer alguma coisa parecida com uma porta para o pobre cachorro entrar e sair, também ele castanho, da cor da lama...

Ainda há quem os mantenha assim, sem dignidade, desconhecendo que merecem, pelo menos, uma casota de madeira, impermeável e de tamanho suficiente, onde possam encontrar refugio e fazer o seu ninho;
Ainda há quem os prive de comida, de água fresca e de liberdade;
São grandes, médios, pequenos, de orelhas afitadas, descaídas, de uma só para cima, de várias cores e feitios, de bom sangue, de raça e sem raça nenhuma, e, ainda há quem desconheça tudo isto.

Pobre do cachorro que lhe calhe um dono destes na rifa!

Encontra-mo-nos numa estação de dias frios, ventosos e de chuva.
Não custa nada proporcionar ao nosso cão um abrigo seguro e confortável, bem como a quantidade diária de comida.
Esqueçam os bidões de chapa que são frios e húmidos de Inverno, quentes e sufocantes no Verão e façam por colocar um estrado de madeira no interior da casota para que não entrem em contacto com o chão frio e molhado quando repousam.

A altura da alimentação é uma excelente oportunidade para brincar com eles, passar algum tempo, reafirmar os laços de amizade.
Mantenham um vestuário de parte para esse fim, para que possam toca-los e deixarem-se tocar sem receio de sujar ou de rasgar a roupa, porque os cães gostam de correr, de saltar, de mordiscar, de lamber, mas sobretudo de atenção.
Experimentem falar com os vossos cães, como falam normalmente, e não se surpreendam se ele vos tentar responder.

Um cão não é só para o dia da caça, nem possui um interruptor que o liga e desliga.
Trata-se sim, de uma autêntica e surpreendente força da natureza, tenha o caro leitor pernas para o acompanhar e a sensibilidade para o respeitar.

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© Pedro Miguel Silveira

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