28 de fevereiro de 2015

O descontentamento dos caçadores sobe de tom

O Diário dos Açores,  avança hoje, na primeira página que está confirmada a morte dos coelhos na Ilha de São Miguel através da hemorrágica. 
Também ficamos a saber que os coelhos já estão a morrer na Ilha do Pico e, ao que tudo indica, pelas mesmas razões.
Vislumbramos igualmente que se prepara a abertura da caça ao melro negro e ao pombo-torcaz na Ilha Montanha, sem que os caçadores tenham sido ouvidos no processo, o que tem provocado um enorme mal-estar junto da comunidade venatória, ameaçando Cremildo Marques, representante dos caçadores no Conselho Cinegético da Ilha do Pico, demitir-se das suas funções naquele organismo.
À semelhança do que se passa nas restantes Ilhas dos Açores, com especial relevo para a Ilha de São Miguel, que até já viu descer à maior cidade desta Região uma manifestação de caçadores no passado Domingo, o descontentamento com a actual situação da caça é crescente e sobe agora de intensidade, desconhecendo-se como isto irá acabar, se não houver promoção do diálogo. 

Foto resultante do recorte da notícia do "Diário dos Açores" (pp. 4)

27 de fevereiro de 2015

Resposta ao Diogo Caetano

Conforme já tive a oportunidade de transmitir ao Dr. Diogo Caetano e ele já me respondeu, a propósito do seu artigo publicado no Correio dos Açores de 26 de Março, com o título “Caça Hemorrágica”, refiro que existem caçadores e “caçadores”, razão porque quando se aborda o tema da caça não se podem fazer generalizações, inclusivamente, não fosse o contributo dos caçadores (sem aspas) por este Mundo fora e algumas espécies de aves e mesmo de outros exemplares do mundo animal, já teriam sido extintas. Acresce, que não partilho da ideia que nos Açores o coelho-bravo seja uma “praga das culturas agrícolas”.
Numa fase em que os Açores optaram, e bem, por uma marca em que a nossa Natureza é altamente valorizada, o caçador açoriano deve estar na primeira linha da defesa do ambiente e no qual se inclui o coelho-bravo, razão porque nos dias de hoje não me revejo na sua “Caça Hemorrágica”.


Gualter Furtado
Correio dos Açores, 27 de Fevereiro de 2015

23 de fevereiro de 2015

Caçadores manifestam-se na Ilha de São Miguel

O jornal Açoriano Oriental dá-nos a saber que, ontem, a cidade de Ponta Delgada, foi palco de uma manifestação de cerca de 200 caçadores que saíram à rua com os seus cães de caça em protesto, numa iniciativa do Clube de Caçadores de Vila Franca do Campo (CCVFC), sobre a Doença Hemorrágica Viral (DHV) e contra uma alegada passividade das entidades oficiais em relação à existência e disseminação daquela doença.
Em esclarecimento, a Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF) fez saber que as medidas tomadas "têm permitido, até à data, uma evolução positiva na contenção dos efeitos do surto nas ilhas onde a doença foi detectada ou por precaução a caça foi proibida", acrescentando que foram ainda "emitidos editais para prevenir a disseminação da doença para outras ilhas, proibindo a circulação de coelhos e seus derivados, assim como de cães de caça".
A determinada altura, José Maria Arruda, presidente da direcção do CCVFC, faz afirmações que considero graves.
Diz ter provas da introdução do vírus na Ilha de São Miguel, não obstante o facto de ter apresentado denúncia no Ministério Público e na GNR, e acrescentou que o CCVFC também iria recolher assinaturas para denunciar a alegada passividade e conivência dos governantes, no Parlamento Regional, junto do Representante da República para os Açores e no Parlamento Europeu, dizendo que os caçadores estavam “cansados”.
Correndo inquérito para averiguar a verdade sobre a existência e a prática de um crime, neste caso da alegada introdução criminosa do vírus nos Açores, seria de todo conveniente que informasse a autoridade judiciária competente da prova que diz possuir, como é da sua obrigação, ao invés de bradar na comunicação social que a tem, se é que a tem.
Quando ainda se esperam os resultados das análises realizadas aos coelhos encontrados mortos e quando é do conhecimento que foram tomadas medidas por parte da DRRF para precaver a extensão dos danos, é leviana a recolha das assinaturas e precipitada a manifestação.
Certamente que se trata de um contexto que nos preocupa a todos e que exige medidas urgentes e concertadas, mas há tempos e limites a respeitar e esses foram ultrapassados.
Que se fará na próxima ocorrência da doença? Abater as aves migratórias? Sim, porque essas também podem transportar o vírus. 
Isto que se fez em nome dos caçadores, não me representa e nada alcançará de positivo.
A bem da verdade, já me bastava a DHV.

22 de fevereiro de 2015

Pombo-torcaz-dos-Açores

O Pombo-torcaz-dos-Açores (Columba palumbos azorica) desde 1993 que é considerado no Arquipélago dos Açores uma espécie incluída na Diretiva das Aves, com o estatuto de ave protegida, e abrangida pela Conservação das Aves Selvagens. Logo a caça a esta espécie está proibida nos Açores.
O Pombo-torcaz é o pombo com maior envergadura na Europa e os que habitam e se reproduzem nos Açores são mesmo tidos pelos estudiosos das aves como uma subespécie endémica do Arquipélago.
É uma ave de grande porte, muito bonita e que tem como habitat privilegiado as matas coníferas embora nos últimos anos seja frequente a sua presença nos jardins das cidades da Europa, inclusive nos mais importantes núcleos urbanos dos Açores.
Nos anos mais recentes devido à expansão desta bonita ave levantam-se muitas vozes, incluindo de caçadores, sendo que alguns são mesmo meus amigos e companheiros de caça,  a defenderem que se deveria abrir a caça ao Pombo-torcaz, e isto como forma de minimizar os prejuízos que esta espécie estaria a provocar na agricultura.
O caminho nos Açores não deve ser este, mas sim indemnizar os prejuízos eventualmente causados pela espécie e elucidar e ajudar os agricultores para que adotem medidas naturais e ambientais de proteção das suas produções agrícolas.
Sabemos que, por exemplo, na Ilha do Pico andam a envenená-los, o que é considerado um crime, mais um que está a ser cometido nestas nossas Ilhas.
A abertura da caça a esta espécie significaria um retrocesso na nossa civilização e municiaria os grupos anti caça de mais um argumento poderosíssimo no combate à caça e aos caçadores.

Texto e fotografia da autoria de Gualter Furtado

Gualter Furtado, um dos caçadores vivos  dos Açores que mais Pombos-torcazes cobrou nos Açores e em Portugal.
A foto é de um borracho de Pombo-torcaz-dos-Açores, captada pelo autor numa mata da Ilha de São Miguel.

9 de fevereiro de 2015

Dias negros para a caça nos Açores

Recentemente publiquei um artigo com o título “Mortandade de coelhos na Ilha Graciosa”, e a este propósito escrevi, “Paira a dúvida na comunidade de Caçadores  Açorianos se esta brutal mortandade de coelhos foi resultado de mão criminosa, que trouxe para a ilha coelhos infetados pela virose hemorrágica e que rapidamente infetou os coelhos locais, ou, se estamos perante um fenómeno natural que leva a que a hemorrágica apareça ciclicamente nestas Ilhas mediante certas condições climatéricas e outras“, embora saibamos que a variante deste vírus seja diferente da que foi detetada em anteriores epidemias nos Açores e se assemelhe à que ocorre presentemente no Continente  Português  e com  resultados catastróficos. Até hoje não tivemos resposta para esta dúvida.
Depois da Graciosa, São Jorge, Terceira e Flores parece que a Hemorrágica poderá ter chegado à Ilha de São Miguel, pois foram recolhidos no dia 08/02/2015 vários cadáveres de coelhos-bravos nesta Ilha.
Ao que nos informaram os Serviços Florestais, já têm em sua posse vários exemplares, agora só nos resta aguardar os resultados das análises, mas certamente e infelizmente estamos preparados para o pior.
Os caçadores Açorianos e todos aqueles que são amigos da natureza estão a viver dias negros nestas Ilhas.
Sempre defendi que a caça deve estar unida com a Agricultura, e  certamente que o desaparecimento do coelho-bravo da paisagem Açoriana é um duro golpe para todos, sobretudo para uma Região que pretende escolher para Marca de referência a natureza e o meio ambiente.

Gualter Furtado 

7 de fevereiro de 2015

Fiz anos

Fiz anos. Acontece a qualquer um, não é? Não sei, não posso saber, como cada um de vós comemora o seu dia. 
Tempos houve em que o meu dia era uma festa. Mas, o pouco com que a fazia, esvaziou-se das presenças que a faziam. E vieram anos em que, enfim, se mastigava o dia. Depois voltei a desejá-lo: eu queria tanta coisa! Duma simples cartucheira a um atrelado de cães, duma mala de espingarda a uma edição dum livro anos a fio desejado, eu precisava e queria tudo.
Hoje, há alguns anos já, devo dizê-lo, não preciso de nada, não quero nada. Um maço de cigarros serve de prenda. Dos que eu fumo, claro. Houve até, pelo meio, alguns anos em que dei a mim mesmo "aquela prenda". Mas, já não quero nada, não preciso de nada. Agradecido, naturalmente, sempre fui. A família traz uns cheques-livro e eu fico contente. Podia ser tão sómente um maço de tabaco (dos que eu fumo) e já seria muito bom.
Vocês, claro, não souberam mas fiz anos. Há quem, no seu dia, vá jantar fora, a um lado qualquer. Mas eu nunca gostei disso. Aprecio estar na minha casa, na minha jaula, com os meus. Havendo o bulício dos próximos, melhor. Já não conto - não posso contar - com a repetição dos dias em que ruidosamente apareciam os que haveriam de ir às sortes comigo. Agora, com o passar dos anos, habituei-me a um estranho recolhimento em que pesa mais a memória, as "lembrances" que o foguetório do dia. Mas, a carga de nostalgias que isso induz e sempre ensombra uma data, que deve ser nobre, porque sempre é um rei que faz anos tem-me levado a socorrer-me da família para a esconjurar. Impedida por força maior, a família este ano não esteve disponível. Minha mulher, sempre amante, sempre amiga, quiz saber o que eu mais desejava para o jantar. Mas não a pude ajudar, por nada querer, por já nada precisar. "Deixa - disse-lhe - vou convidar uns amigos e basta-me um copo de vinho, umas taliscas de presunto". Imaginou, justamente, a casa invadida, inquiriu, barafustou mas eu, com o meu envelhecido rosto, limitei-me a dizer-lhe "Eu trato de tudo. Não estragues o MEU dia".
Os convidados começaram a chegar. O primeiro, reconhecio-o logo pelo rosto picado das bexigas:
- Camilo, que honra, entre... e não se há-de ir embora sem falarmos da cabra tinhosa no fojo.
- O segundo vinha com a velha samarra: Mestre Aquilino, não imagina como me alegra a sua presença! Vou querer que me explique como levou um pointer para a sua Soutosa.
Não imagina como isso me tem intrigado!
E assim se sucederam. O Pe. Domingos, Torga, Galvão...
Acácio da Rapada vinha com com o Dr. Fausto que, deselegantemente, ainda vinha a remorder «Ele que se foda, deixa-o ficar, que se aguente se quizer que as perdizes não esperam. Vir para aqui de fatinho brasileiro e não aguentar uma linha...» e a desdizer de quem tanto gostava, do Tomaz, que, de resto, também não faltou. Devo-os nomear todos? Mas, se foram tantos... Invadiram-me a casa, inundaram-me a casa. E eu apenas com um copo, uma garrafa e presunto de que sobravam apenas aparas.
Lá fora, entretanto, os cães da vizinhança entraram em alvoroço. E como a minha rua é tal e qual como a que David Mourão-Ferreira escreveu para a Amália " ...rua quieta / onde à noite / ninguém passa..." fui ver. Mal abri uma nesga da porta, entraram os meus cães todos, alguns, devo dizê-lo, de que eu ingratamente já nem me lembrava. Com eles reparti o resto do presunto e ergui o copo a um brinde: um ano, um ano mais, amigos, convosco à minha mesa, convosco pelos montes onde, neste momento deve estar tanto, tanto frio...

Sérgio Paulo Silva
05/02/2015

Sobre o blogue

Contacto: ribeira-seca@sapo.pt
número de visitas

1 - Pertence-me e não possui fins comerciais;

2 - Transmite a minha opinião;

3 - Os trabalhos publicados são da minha autoria;

4 - Poderei publicar textos de outros autores, mas se o fizer é com autorização;

5 - Desde que se enquadrem também reproduzirei artigos de imprensa;

6 - Pela Caça e Verdadeiros Caçadores;

7 - Em caso de dúvidas ou questões, poderão contactar-me através do e-mail acima;

8 - Detectada alguma imprecisão, agradeço que ma assinalem;

9 - Não é permitido o uso do conteúdo deste espaço sem autorização;

10 - Existe desde o dia 21 de Outubro de 2006.

© Pedro Miguel Silveira

Arquivo