14 de fevereiro de 2010

Com os Meus Botões

Enquanto procedia à limpeza e manutenção do equipamento, acabei por me deixar envolver e levar em pensamentos e divagações sobre esta paixão que tanto me anima e estimula enquanto devoto de Santo Huberto.

O uso de armadilhas na captura dos animais surgiu muito antes do fabrico das primeiras armas de caça, pois estas exigem um conhecimento mais avançado do que aquele que é necessário para se escavar um buraco no chão e dissimula-lo ou conduzir uma manada para um abismo. No entanto todos estes artifícios possuem em comum quatro objectivos: a segurança do caçador; a conservação de energia; a poupança de tempo e a eficácia na captura.
Neste contexto, as armas foram as que mais se desenvolveram, acabando por transformar-se a pedra que era projectada, através da força muscular, a pouca distância e nem sempre certeira, no mais avançado dos mísseis, controlado por computador e disparado do espaço para um preciso local no globo terrestre.

A tecnologia utilizada na caça acompanhou esta evolução e hoje o caçador moderno tem à sua disposição uma parafernália de acessórios sofisticados que lhe permitem detectar e identificar a presença de um animal a quilómetros de distância na mais negra das noites, medir a extensão que os separa, chama-lo até ao alcance útil da sua arma sem lhe perder o rasto, corrigir a linha de mira através de um sistema digital conectado a um GPS e a uma estação meteorológica portátil, abater o bicho com um único disparo e tudo isto fazer sem qualquer tipo de dificuldade, sem sair do local onde abancou inicialmente e sem perder o tal jogo de futebol que recebe via satélite e visiona através do ecrã do telemóvel, o mesmo que tira a foto final e que manteve o caçador permanentemente conectado ao resto mundo em todas as fases do lance.

Nós, que em defesa da Caça alegamos estar no mais directo contacto com a Mãe Natureza, como é que lidamos e respondemos a isto?
- Investindo em melhores caçadores, mais responsáveis e conscienciosos; privilegiando a aquisição, a partilha de informação e de conhecimentos; agindo na base do saber, do respeito e da ética e, sobretudo, repudiando toda e qualquer conduta do facilitismo em favorecimento do esforço e da persistência que caracterizam os verdadeiros Caçadores e a genuína tradição.

Sobre os botões, a era espacial também nos enriqueceu com materiais próprios para envergarmos na diversidade de climas e condições meteorológicas, os quais persistimos em decorar com pinturas e símbolos vários, objectos em madeira, em osso ou metal, na tentativa de retratar e de regressar ao mundo natural.
Servem como uma espécie de talismãs de boa sorte, "magia" essa que, apesar de falível, jamais será suplantada pela mais exacta tecnologia. Ignorar essa relação é desvirtuar a essência da Caça!

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© Pedro Miguel Silveira

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