"Normalmente em Portugal só se fazem Homenagens depois de uma
pessoa morrer, isto é, a titulo póstumo. Quebrando esta regra nacional resolvi
homenagear em vida o meu amigo Cremildo Marques e a razão porque o faço
prende-se com o facto do Cremildo ser um Caçador que tem contribuído, como
poucos, para a divulgação, promoção e defesa do cão de parar nos Açores e no
resto do País!
É verdade que nesta nobre missão tem contado com a firme
ajuda do Vitor e do Russo, para já não falar da sua esposa e mesmo da Senhora
do Vitor, que estão sempre disponíveis para os acompanhar em tudo, mas é o Cremildo
a alma desta empreitada.
Caçamos juntos há muitos anos aos coelhos bravos, às
galinholas, às codornizes, às perdizes e aos pombos e, em todas estas
modalidades de caça e de espécies cinegéticas tão diferentes e em terrenos
também muito distintos e variados, ele utiliza sempre, mas sempre, os
cães de parar.
O seu aspeto com aquelas Barbas compridas e que o irão
acompanhar até à cova, já que prometeu cortá-las só quando o Benfica for
campeão europeu, escondem um bom amigo, um caçador disciplinado, confiante e
muito pontual, que nunca chega um minuto atrasado a um compromisso assumido, e sempre
de um trato superior na relação com os seus amigos cães e com
os outros companheiros caçadores.
O seu canil tem hoje 13 cães com predominância das raças
Epagneul Bretão e Setter Inglês e já teve cães de caça e de parar
extraordinários, como foi o caso do Epagneul Bretão Scotch, que o levou a
sagrar-se Campeão Nacional de Santo Huberto, mas não só, pois na minha presença
e num dia de caça o Scotch chegou a parar cerca de 30 galinholas! Também
já teve cães de menores aptidões cinegéticas, mas o que eu acho excepcional neste
bom amigo é que ele sente e dedica o mesmo carinho a todos por igual.
A sua paixão pelo cão de parar é sincera e vai ao ponto dele
e do Vítor irem com frequência à Ilha de São Jorge e mesmo na sua Ilha de
residência, que é o Pico, fazer demonstrações gratuitas das capacidades
do cão de parar, aliás, o Cremildo, que me recordo, nunca vendeu um cão que
fosse.
Acresce referir que o Cremildo é um cozinheiro fantástico e da
mais elevada mestria na distinta arte da gastronomia cinegética. A sua canja de
pombas, as galinholas à moda do Pico, as codornizes alagadas ou os tordos
grelhados, são os seus pratos mais afamados e reconhecidos e, justiça
lhes seja feita, quem os provar nunca mais deles se esquece,... como também nunca
mais se esquece da adega dele!
Dotado de uma simpatia e disposição fora do comum, que a todos
contagia pela sua espontaneidade, sempre que participa numa caçada ou numa
Prova de Santo Huberto é a segura garantia de muita alegria e de boa disposição.
Com o Cremildo tenho a sorte de partilhar alguns segredos e
cumplicidades que jamais esquecerei, como não esqueço a sua paixão pela caça e
pelo cão de parar.
Obrigado
amigo Cremildo!"
Texto e foto da autoria de Gualter Furtado