É com relativa facilidade que se encontram diversos pontos em comum e mesmo convergentes, defendidos por caçadores como pelos ditos “ambientalistas” e “amigos dos animais”.
A título de exemplo evoco apenas o da preservação das espécies e do meio ambiente; o do combate à caça furtiva ou o anseio de prevenir e reduzir o desnecessário sofrimento dos animais.
Todos esses objectivos são abraçados tanto por uns, como pelos outros. Porém, enquanto os caçadores assumem a existência dessa associação de interesses de forma livre e espontânea, já o mesmo não se passa com os ditos “ambientalistas” e os tais “amigos dos animais” que a recusam e negam veementemente, i.e., pura e simplesmente não aceitam que possa existir esse tipo de ligação ou qualquer tipo de convergência com os caçadores, que consideram ser um grupo marginal constituído por bárbaros, criminosos, violentos e de assassinos, adjectivos esses que fazem por repetir incessantemente.
Naquilo a que Freud designou por “grupos primitivos”, podemos encontrar uma explicação para esse comportamento e, de certo modo, tentar perceber a necessidade desses grupos anti-caça agirem deste modo tão peculiar.
De acordo com esse psicanalista austríaco a intensificação dos efeitos e a inibição do intelecto são as características basilares dos “grupos primitivos”.
Nesses grupos, ao mesmo tempo que lhes é solicitado que analisem os problemas, pedem-lhes também que desistam do seu pensamento crítico individual e que sigam, sem questionar, os seus líderes carismáticos. Podemos encontrar nos comícios políticos ou nas manifestações violentas dois destes exemplos.
Os “grupos primitivos”, baseiam-se assim - toda a sua existência, na manutenção de emoções fortes e de paixões exacerbadas, daí a necessidade de manterem um agente catalisador e um alvo para onde possam direccionar e arremessar alguns dos sentimentos que os alimentam, como o da frustração, o da inveja ou mesmo o do ódio. O objectivo é manter o caldeirão em permanente ebulição.
Os caçadores parecem ser um alvo favorável, não só pelo que sentimos e constatamos diariamente, mas também pelo que é publicitado e transmitido através dos media, o que resulta numa tentativa constante e doentia de estigmatizar a caça.
Constata-se assim que alguns dos ditos “ambientalistas” e “amigos dos animais” mais extremistas, elegeram a caça como o elo mais fraco dos seus alegados oponentes e também se compreende a razão de não aceitarem sequer a hipótese de poder existir algum tipo de ligação ou de convergência com os caçadores, por mais evidente que esta se possa apresentar, pois se a considerassem, acabavam por se extinguir mais depressa do que as espécies animais que tanto alegam querer proteger da destruição!
Há muito dinheiro a rolar e a alimentar estes tipos de conflitos. Não há nada melhor do que uma boa controvérsia para se declarar uma crise e quanto maior, melhor. Os advogados sabem-no e alguns ditos “activistas sociais” também. Alguns chegam mesmo a fazer dessas disputas um modo de vida, de projecção social e política, mais uma maneira de pagar as contas, pelo que tratam de engendrar organizações e de financia-las, para finalmente poderem enfrentar e combater os bodes expiatórios,… os tais que eles próprios criaram!
Bibliografia consultada: "In Defense of Hunting", de James A. Swan, "Maquiavel em Democracia", de Edouard Balladur e "O Príncipe - Maquiavel", tradução, introdução e notas de Diogo Pires Aurélio.