16 de julho de 2009

Uma Caçada na Ilha de São Jorge

Andavam a desafiar-me insistentemente para ir observar o que se estava a passar com o coelho bravo na Ilha de São Jorge e obviamente também para caçar.

Recusei muitas vezes estes convites, já que por princípio não caço no período de reprodução das espécies cinegéticas, mas em meados de Julho, embora existam ainda muitos láparos, o período crítico da reprodução das coelhas está ultrapassado e lá disse que sim aos meus companheiros de caça da Terceira (Olívio) e do Pico (Cremilde). Reunimos alguns cães de caça (já que “caçar” sem cães não é caça) e rumamos a São Jorge. Ao nosso Grupo juntaram-se o “Bivalves”, do Continente, que nos acompanhou numa de apreciar as paisagens e saborear a gastronomia local e por arrasto ver os seus dois podengos trabalhar, o Vitor, também do Continente, e o Valério (Russo), ambos a trabalhar na Ilha do Pico.

A Ilha de São Jorge tem paisagens e vistas deslumbrantes, naquela Ilha tem-se a sensação de estarmos num Arquipélago e no Atlântico.
A Montanha do Pico é uma presença incontornável e a Graciosa, o Faial e mesmo a Terceira estão sempre presentes no horizonte.
Quanto à restauração sugiro uma ida ao Amílcar, na Fajã do Ouvidor, que não se irão arrepender.
É pena alguns restaurantes não utilizarem mais os produtos locais, que são excelentes (carne, lacticínios e peixe), chegando-se ao cúmulo de alguns restaurantes não terem na sua ementa o famoso queijo de São Jorge.

Atenção com o betão e às construções desenquadradas do meio em que se inserem!
A este propósito a Ponta dos Rosais está a pedir uma intervenção urgente que minimize o estado de abandono a que está votada. Mas vão a São Jorge que irão gostar.

Espingardas tínhamos 4, e 6 cães do Olívio, 2 do Bivalves e 1 meu.
Caçamos três dias e o resultado foi muito satisfatório. De referir que nestes três dias fizemos umas refeições á base de coelhos bem prolongadas e ainda fizemos algum turismo com visitas às Fajãs, etc., isto é, podíamos ter ainda cobrado mais coelhos.

Voltando aos coelhos bravos a situação parece-me preocupante, justificam-se pois algumas medidas correctoras da actual densidade desta espécie cinegética, mas sem nunca por em causa a sua sustentabilidade. Não podemos ser tacanhos nem fundamentalistas ao ponto de não reconhecermos que é imprescindível o envolvimento dos agricultores e estes tem de ter rendimento com a presença do coelho bravo, caso contrário a situação pode acabar mal, com tentações criminosas de introdução da hemorrágica e proliferação deliberada de gatos lançados nas pastagens com consequências devastadoras sobre outras espécies como é o caso das Galinholas.

Abrir a caça todos os dias e todo o ano, distribuir pontualmente cartuchos aos “caçadores” são medidas avulso, quando a resposta deve ser integrada e coordenada!
Em situações como a de São Jorge a solução de fundo tem de estar numa lei da caça (1)que permita o ordenamento do território, e que seja suficientemente atractiva para as Organizações da Caça e os Caçadores.
Paralelamente deve ser incentivada a caça social para as pessoas de menores recursos, e aqui também entram os transportes aéreos inter-ilhas que apresentam um preço proibitivo tanto para as passagens das pessoas como para o transporte dos cães (custa uma fortuna) e do produto da caçada.
Uma outra medida passa pela divulgação da elevada qualidade da carne do coelho bravo incentivando o consumo local (nós oferecemos uma parte importante dos coelhos que caçamos a pessoas da Ilha de São Jorge).

A bem da caça e do coelho bravo e da Lavoura justifica-se que os Recursos Florestais (2) promovam um levantamento da situação, contratem quem perceba do assunto, envolvam os lavradores e alguns caçadores e depois tomem as medidas que se justificarem, mas por amor de Deus à partida não antecipem as conclusões e sobretudo não criem as condições para a “emigração“ de quem ousa ter idéias e propostas válidas.
O Coelho bravo nunca deve ser tratado como uma praga e deverá ser sempre encarado como uma mais valia cultural, desportiva e até de rendimento.



(1)- Será que a nova Lei da Caça nos Açores já está em vigor, mesmo com alguns artigos declarados anti-constitucionais?
(2)- Chamem a este debate o Desenvolvimento Agrário, que me parece ter lá gente discreta.

Texto e fotografias da autoria de Gualter Furtado, Julho de 2009

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