28 de agosto de 2008

São Mais de Metade

"Em vésperas da abertura do calendário venatório, a 24 de Agosto, os caçadores defendem a valorização de uma modalidade que poderá ser uma aposta para o turismo na ilha Terceira.

A Associação Terceirense de Caçadores queixa-se de uma lei pouco severa e da falta de apoio governamental para formar e investir na caça.

Coelho, codorniz e galinhola são os animais de caça mais prejudicados pelos caçadores furtivos que abatem aquelas espécies fora da época venatória. Em conversa com o nosso jornal, o presidente da Associação Terceirense de Caçadores (ATC) alerta para a necessidade “urgente” da regulamentação da nova lei regional da caça.

“Actualmente a lei não considera crime abater animais de caça fora de tempo, apenas é contra-ordenação”, revela João Vicente. E continua: “As multas acabam por ser baratas e compensatórias, pois com 100 coelhos caçados fica tudo pago”.

A opinião é partilhada por Eduardo Leal Luís, presidente do Clube de Caça das Fontinhas (CCF), acrescentando que os caçadores “não se respeitam uns aos outros”.

“O caçador que está a caçar coelho, por exemplo, não deve abater tudo o que lhe aparece à frente. Uma espécie pode estar dentro da época mas a outra não”, explica.

Questionados sobre o eventual número de caçadores furtivos na ilha Terceira, ambos responderam prontamente que “são mais de metade”. A qualidade do coelho bravo e por conseguinte a sua procura para consumo e venda são os principais motivadores.

“A sorte é ser abundante na ilha devido às características vulcânicas e vegetação da Terceira. Noutras ilhas com pouca quantidade, como São Miguel ou Pico, o coelho já teria desaparecido”, considera o responsável pela ATC.

Em termos de atracção turística a caça constituiria uma “aposta” nos Açores. João Vicente acredita que no caso da ilha Terceira a abundância do coelho bravo, a nova lei regulamentada e o apoio do Governo Regional formariam as garantias necessárias para investimento no sector.

“O nosso coelho é muito conhecido no continente e isso motiva os caçadores a viajarem até à ilha. Hoje com os custos das passagens e das estadias, as associações não têm possibilidades financeiras para apoiar a vinda de caçadores aos Açores”, conclui João Vicente."

Artigo publicado n´A União, de Quarta-Feira, dia 20 de Agosto de 2008, em Actualidade.


NOTAS


- A caça furtiva é uma realidade mais do que evidente nesta região, não é só característica de uma ou outra ilha em particular.

- Continuamos a desconhecer a razão da discrepância existente no tratamento do furtivo, visto que no continente é crime e neste arquipélago não passa de uma simples contra-ordenação.

- A caça pode muito bem ser um factor de desenvolvimento local e regional importante, mas apresenta-la como quem tira um coelho da cartola, sem um plano devidamente estruturado, em que a exploração racional deste recurso seja o culminar de um esforço crescente e gradual na organização dos terrenos, desenvolvimento de habitats e da biodiversidade que interessa salvaguardar, não fará melhor do que o pior dos furtivos!

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