28 de julho de 2011

O Livro da Caça

Gaston Phoebus foi um grande senhor feudal francês, do séc. XIV, tratado por Gaston II, conde de Foix e visconde de Béarn.
Durante a sua existência terrena viveu intensamente a caça, sendo esta a maior das suas paixões, e nesse âmbito, em 1387, escreveu “O Livro da Caça”.
Dessa obra existem 37 manuscritos, embora a maior parte deles já tenha sido escrita no séc. XV.
O Hermitage Museum, de Leninegrado, a Peck Collection, em Nova York, e a Biblioteca Pública de Genébra possuem alguns dos mais belos exemplares, porém é a Bibliothèque Nationale, em Paris, que possui os dois mais bonitos deles todos e as gravuras que constam do livro que utilizo para escrever este artigo, foram retiradas destes dois últimos manuscritos.
A versão que possuo é inglesa, datada de 1987, proveniente da editora Regente Books Hightext Ltd, traduzida que foi por J. Peter Tallon.
Fala-nos sobre os diversos animais da fauna bravia europeia da altura, como o urso, o veado, o javali, a raposa ou o coelho, entre outros, e das técnicas e procedimentos de cada uma dessas caças, mas não só. Aborda igualmente o amanho dos animais caçados, a formação dos caçadores, a gestão dos canis, o treino do cães e isto só a título de exemplo.
Gaston Phoebus nasceu em 1331 e faleceu em 1391, sendo dele, então, a criação de uma das obras literárias mais importantes da cinegética europeia e mundial.
Sobre os canis, diz-nos que devem ter dimensão suficiente para que sejam capazes de albergar diversos cães e ainda possam apresentar espaço livre e que os mesmos devem possuir duas portas: Uma na frente e outra nas traseiras, devendo esta estar sempre aberta, de modo a dar acesso a uma zona solarenga, delimitada por uma vedação, pois os cães necessitam de exercício, enquanto o interior deve ser mantido limpo e dividido em três áreas: A primeira deve estar provida de palha para que os cães nela se possam deitar e dormir; a segunda para os aprendizes dormirem e a terceira deve possuir um soalho formado por varas cobertas por palha, para que os cães ali possam fazer as suas necessidades. Finalmente diz-nos ainda que o canil deve estar equipado com uma lareira para que possa providenciar aquecimento durante os dias mais frios
Ainda no que aos cães diz respeito, transmite-nos que a estes a água deve ser mudada duas vezes ao dia para que esteja sempre fresca e que, para prevenir uma longa lista de doenças, devem fazer exercício regularmente, quer no tal pátio dos canis, quer ainda no campo e nestas saídas devem os tratadores identificar e recolher ervas com efeitos laxativos para que as possam administrar aos cães de modo a possuírem os organismos bem regulados.
O caçador deve ainda, entre outros deveres, conhecer a habilidade e a capacidade de cada cão e trata-lo pelo seu nome. Deve cuidar do canil e tudo fazer para que o soalho se mantenha afastado do solo. Todas as manhãs deve limpar as instalações dos cães e a cada três dias substituir a palha do canil e escovar os animais.
Aquando dos treinos, que devem começar de manhã cedo, o caçador deve servir-lhes uma sopa composta por pão e leite para que os estômagos dos cães não fiquem demasiado pesados e trata-se isto apenas de um pequeno excerto da informação que sobre este assunto contém o livro.
Quanto ao uso da corneta diz-nos que se a matilha seguir um trilho errado, esta deve ser imediatamente reconduzida com o soar de duas notas longas e se o trilho for o correcto devem os caçadores ser informados através de três notas longas. Duas notas curtas significam que os cães perderam a peugada do animal que perseguiam e uma nota longa, seguida por diversas curtas manifesta o sucesso de uma captura. No final do dia, assim que a caçada termina, esta é anunciada por três notas longas.
São 105 páginas ricamente ilustradas e repletas de informação variada e preciosa, muita dela ainda actual e bastante útil que vale a pena aceder.

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