31 de dezembro de 2008

Fecho de 2008

Numa altura em que se reorganiza o espaço, fecham-se e arquivam-se pastas, abrem-se outras, enfim prepara-se caminho para mais 12 meses, que se desejam produtivos, é perfeitamente lógico aplicar um comportamento semelhante à caça, embora nesta o período temporal se distribua por épocas, intercaladas nos anos, como este que agora termina.

A título particular não tive tantas jornadas como aquelas que desejava, situação influenciada por diversos factores.
As que vivi no corrente ano, descrevo-as honestamente como sendo umas do caçador e outras da caça, pois dias tive melhores do que outros, aliás como considero natural.

Recordo-me certa vez de estar num local por mim muito bem trilhado e ver caça rebentar em lugares por desta nunca dantes percorridos e ainda por cima fora de tiro para meu grande desgosto e desalento dos canídeos, já desesperados com a minha azelhice.
Noutro dia, em zona quase desconhecida vi-os passar, por três vezes, a espaços de poucos minutos, um de cada vez. Os sacanas dos coelhos raspavam-se pelo mesmo sítio, lá ao longe e, mais uma vez, fora de alcance dos cartuchos de 30grs que me alimentam os canos e avivam o espírito com tamanha eficácia.
Antes que os muito dignos e nobres cães que me acompanham, me começassem a escarnecer e chamar todo o tipo de nomes, muita razão teriam para fazê-lo, lá me coloquei a modos de surpreender algum no tal espaço por onde se esgueiravam. O ardíl tanto resultou que naquela desalmada correria nem se apercebeu o que lhe acertara entregando sem mais tropelias a alma ao criador e o corpo a um daqueles guisados de comer e chorar por mais, degustado na terra e abençoado nos céus.
A receita ainda é da minha avó, que nas suas 98 primaveras recorda-se perfeitamente do preparo e tempêro dos pobres caçapos que meu avô lhe levava, fazendo uso de uma Astra de 89 cms de canos, mais ou menos justa, devido às cargas personalizadas que tragava.

Uma palavra de reconhecimento bem merecida ao excelente trabalho e companhia que os meus cães, cada um a seu modo é bem verdade e é justo que se diga, me proporcionam, tornando cada jornada, independentemente da sorte que me calha, um enorme prazer e uma renovada vontade de continuar!

Desejo que 2009 seja um ano de Paz e que a nossa caça recolha algum carinho por parte daqueles que assumiram o seu destino, que também lhes ilumine a consciência e mostre o caminho para que os enormes sacrificíos que todos estamos a fazer valham realmente a pena.

29 de dezembro de 2008

Caça - um balanço da época 2008/2009 nos Açores

Convido-vos à leitura deste artigo, da autoria de Gualter Furtado, no qual transmite a sua opinião sobre a presente época venatória no arquipélago ao mesmo tempo que nos coloca, enquanto caçadores marienses, uma importante questão.

"Pode-se dizer que esta época venatória praticamente acabou no dia 28 de Dezembro já que espécies como a Galinhola ( fechou em finais de Novembro), o coelho bravo e a codorniz ( fecharam no último domingo de Dezembro ) já não se podem caçar nos Açores com excepção do coelho para a Ilha do Pico e para a Ilha das Flores e num processo que envolve muitas dúvidas e pode mesmo por em causa a sustentabilidade de outras espécies como seja a Galinhola da Ilha Montanha , já que manter aberta a “ caça “ ao coelho no Pico todo o ano e todos os dias é uma decisão muito pouco acertada.

Nesta época venatória a Ilha Terceira voltou a destacar-se como a Ilha mais equilibrada e diversificada em matéria de disponibilidade de recursos cinegéticos , ao ponto de , caso os furtivos e os “caçadores” que não respeitam os limites fixados nos calendários venatórios fossem convenientemente controlados poder-se-ia considerar esta Ilha como um verdadeiro paraíso para a caça com ética e desportiva.

Em São Miguel e embora longe dos tempos gloriosos da caça assistiu-se a uma ligeira recuperação do coelho bravo e do efectivo de codornizes , embora à custa dos lançamentos de codornizes criadas em cativeiro , e cuja capacidade de reprodução no terreno de caça carece ainda de muito estudo e acompanhamento. Quanto às narcejas e outras aves de arribação como os patos tem sido cobrados praticamente em todas as Ilhas encerrando o período de caça às narcejas este mês de Janeiro e aos patos em Fevereiro como é o caso da Ilha Terceira , como é sabido , a disponibilidade destas espécies depende muito dos temporais e do fenómeno de dispersão.

Finalmente a pomba da rocha e com muitos cruzamentos com aves de pombal foi e é a espécie cinegética mais abundante nas Ilhas proporcionando boas caçadas e excelentes pratos de gastronomia.

Em termos de síntese pode-se dizer que esta época foi muito razoável , proporcionando momentos de convívio muito agradáveis e sempre com a caça como factor aglutinador de amizades que duram uma vida.

Espera-se que este ano de 2009 seja marcado por um continuado combate aos furtivos e que finalmente seja publicada a regulamentação da nova Lei da Caça dos Açores , e sem a qual este diploma não serve de nada .

E em Santa Maria será que o encerramento na presente Época Venatória dos Anjos , Risco , etc teve algum impacto na recuperação do coelho bravo?

Votos de Um Bom Ano Novo Cinegético

Gualter Furtado"

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