23 de fevereiro de 2015

Caçadores manifestam-se na Ilha de São Miguel

O jornal Açoriano Oriental dá-nos a saber que, ontem, a cidade de Ponta Delgada, foi palco de uma manifestação de cerca de 200 caçadores que saíram à rua com os seus cães de caça em protesto, numa iniciativa do Clube de Caçadores de Vila Franca do Campo (CCVFC), sobre a Doença Hemorrágica Viral (DHV) e contra uma alegada passividade das entidades oficiais em relação à existência e disseminação daquela doença.
Em esclarecimento, a Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF) fez saber que as medidas tomadas "têm permitido, até à data, uma evolução positiva na contenção dos efeitos do surto nas ilhas onde a doença foi detectada ou por precaução a caça foi proibida", acrescentando que foram ainda "emitidos editais para prevenir a disseminação da doença para outras ilhas, proibindo a circulação de coelhos e seus derivados, assim como de cães de caça".
A determinada altura, José Maria Arruda, presidente da direcção do CCVFC, faz afirmações que considero graves.
Diz ter provas da introdução do vírus na Ilha de São Miguel, não obstante o facto de ter apresentado denúncia no Ministério Público e na GNR, e acrescentou que o CCVFC também iria recolher assinaturas para denunciar a alegada passividade e conivência dos governantes, no Parlamento Regional, junto do Representante da República para os Açores e no Parlamento Europeu, dizendo que os caçadores estavam “cansados”.
Correndo inquérito para averiguar a verdade sobre a existência e a prática de um crime, neste caso da alegada introdução criminosa do vírus nos Açores, seria de todo conveniente que informasse a autoridade judiciária competente da prova que diz possuir, como é da sua obrigação, ao invés de bradar na comunicação social que a tem, se é que a tem.
Quando ainda se esperam os resultados das análises realizadas aos coelhos encontrados mortos e quando é do conhecimento que foram tomadas medidas por parte da DRRF para precaver a extensão dos danos, é leviana a recolha das assinaturas e precipitada a manifestação.
Certamente que se trata de um contexto que nos preocupa a todos e que exige medidas urgentes e concertadas, mas há tempos e limites a respeitar e esses foram ultrapassados.
Que se fará na próxima ocorrência da doença? Abater as aves migratórias? Sim, porque essas também podem transportar o vírus. 
Isto que se fez em nome dos caçadores, não me representa e nada alcançará de positivo.
A bem da verdade, já me bastava a DHV.