1 de agosto de 2013

Homenagem ao meu Amigo Cremildo

"Normalmente em Portugal só se fazem Homenagens depois de uma pessoa morrer, isto é,  a titulo póstumo. Quebrando esta regra nacional resolvi homenagear em vida o meu amigo Cremildo  Marques e a razão porque o faço prende-se com o facto do Cremildo ser um Caçador que tem contribuído, como poucos, para a divulgação, promoção e defesa do cão de parar nos Açores e no resto do País!
É  verdade que nesta nobre missão tem contado com a firme ajuda do Vitor e do Russo, para já não falar da sua esposa e mesmo da Senhora do Vitor, que estão sempre disponíveis para os acompanhar em tudo, mas é o Cremildo a alma desta empreitada.
Caçamos juntos há muitos anos aos coelhos bravos, às galinholas, às codornizes, às perdizes e aos pombos e, em todas estas modalidades de caça e de espécies cinegéticas tão diferentes e em terrenos também muito distintos e variados,  ele utiliza sempre, mas sempre, os cães de parar.
O seu aspeto com aquelas Barbas compridas e que o irão acompanhar até à cova, já que prometeu cortá-las só quando o Benfica for campeão europeu, escondem um bom amigo, um caçador disciplinado, confiante e muito pontual, que nunca chega um minuto atrasado a um compromisso assumido, e sempre  de um trato superior na relação com os seus amigos cães  e com os outros companheiros caçadores.
O seu canil tem hoje 13 cães com predominância das raças Epagneul Bretão e Setter Inglês e já teve cães de caça e de parar extraordinários, como foi o caso do Epagneul Bretão Scotch, que o levou a sagrar-se Campeão Nacional de Santo Huberto, mas não só, pois na minha presença e num dia de caça o Scotch chegou a parar cerca de 30 galinholas! Também já teve cães de menores aptidões cinegéticas, mas o que eu acho excepcional neste bom amigo é que ele sente e dedica o mesmo carinho a todos por igual.
A sua paixão pelo cão de parar é sincera e vai ao ponto dele e do Vítor irem com frequência à Ilha de São Jorge e mesmo na sua Ilha de residência,  que é o Pico, fazer demonstrações gratuitas das capacidades do cão de parar, aliás, o Cremildo, que me recordo, nunca vendeu um cão que fosse.
Acresce referir que o Cremildo é um cozinheiro fantástico e da mais elevada mestria na distinta arte da gastronomia cinegética. A sua canja de pombas, as galinholas à moda do Pico, as codornizes alagadas ou os tordos  grelhados, são os seus pratos mais afamados e reconhecidos e, justiça lhes seja feita, quem os provar nunca mais deles se esquece,... como também nunca mais se esquece da adega dele! 
Dotado de uma simpatia e disposição fora do comum, que a todos contagia pela sua espontaneidade, sempre que participa numa caçada ou numa Prova de Santo Huberto é a segura garantia de muita alegria e de boa disposição.
Com o Cremildo tenho a sorte de partilhar alguns segredos e cumplicidades que jamais esquecerei, como não esqueço a sua paixão pela caça e pelo cão de parar.
Obrigado amigo Cremildo!"

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado