20 de junho de 2016

Avaliação recente nos Açores sobre o impacto da nova Variante da Hemorrágica no Coelho Bravo (conclusão)

Em relação ao futuro do coelho bravo estou deveras desiludido.
Fui à sessão promovida no passado dia 15 de Junho pelos Serviços Florestais dos Açores sobre o coelho bravo,  com a participação dos investigadores Pedro Esteves e David Gonçalves, do CIBIO, e o Eng.º Manuel Leitão e a Engª Anabela Isidoro (Diretora) dos Serviços Florestais.
Conclusão dos trabalhos apresentados: Santa Maria e Flores são dois casos perdidos, à beira da extinção do coelho bravo…
Na Ilha Terceira a situação está razoável e  nas outras Ilhas estamos  próximo do alerta vermelho...
Segundo eles, a partir de 2025 o coelho bravo estará à beira da extinção na Península Ibérica, isto porque esta nova variante do vírus hemorrágico mata todos os coelhos novos, e não há renovação do stock existente... Por exemplo, existirem muitos láparos nos picos da reprodução, segundo estes Investigadores, não quer dizer nada, nem é sinónimo de mais coelhos no futuro, porque existe uma grande mortandade nos láparos. Está-se a caçar é o stock existente dos coelhos que resistiram ao vírus, mas os seus descendentes podem ser afetados.
Nos Açores, e segundo estes cientistas, a densidade de coelhos bravos, quando “apareceu” esta nova variante da Hemorrágica, era maior do que no Continente, logo o processo de razia na dinâmica da população do coelho bravo será mais lento nos Açores e isto se o vírus tiver o mesmo efeito cá que está a ter no Continente e no Sul de Espanha. 
Ainda segundo estes cientistas, Vacinas não há, sobretudo com eficácia para o coelho bravo e os repovoamentos são de todo desaconselháveis , em síntese, só nos resta rezar, ter o máximo cuidado na recolha de coelhos mortos, fortalecer a nossa ligação com a ciência e esperar que o clima nos Açores e o tempo se encarreguem de produzir anti corpos nos coelhos bravos face à atual variante da hemorrágica. É que às vezes a natureza encarrega-se de dar a volta à “ciência”, embora não tenha certeza que desta vez será mesmo assim.
Entretanto, aguardamos os resultados dos Inquéritos levados a cabo pelo Ministério Público com o objectivo de apurar a origem da introdução nos Açores desta nova variante da Hemorrágica.

Gualter Furtado  

17 de junho de 2016

Ponta Delgada a Capital da Caça

Cerca de 70 Confrades da Academia Gastronómica e Cultural da Caça, incluindo o seu Mestre Principal  o Dr. Arlindo Cunha e o seu Grão Mestre, o Dr. José Lemos de Carvalho, deslocaram-se à Ilha de São Miguel para realizar a sua Assembleia Geral e entronizarem alguns Açorianos que se tem destacado na defesa da caça com desportivismo e ética e do património cultural e gastronómico Micaelense e Açoriano, como são os casos do Gualter Furtado, José Manuel Bolieiro, Ricardo Rodrigues e António Cavaco.
A cerimônia da entronização decorreu Domingo passado, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Ponta Delgada, e foi precedida de uma palestra efetuada pelo António Cavaco que abordou o tema da Gastronomia na História dos Açores e as suas influências Atlânticas e do Mediterrâneo.
Os Acadêmicos presentes na Ilha fizeram questão de participar também numa Missa, na Igreja de São Sebastião, onde foram recebidos pelo Padre Nemésio.
O Patrono dos caçadores é o Santo Huberto que está sempre presente no espírito e na prática venatória.
Pela dimensão e qualidade deste evento a Ilha de São Miguel foi neste fim-de-semana de 10 a 12 de Junho a capital da Caça em Portugal.

11 de maio de 2016

Até sempre Uruguai

O Uruguai continua a exercer um fascínio fantástico sobre o caçador por razões facilmente explicáveis através da magia que um cenário de caça que alia a beleza da natureza, ao sentimento de liberdade e à existência de espécies cinegéticas bravias no seu estado mais puro. A cumplicidade do caçador com o seu cão de parar atinge neste País um patamar que já não se encontra na Europa. Caçar no Uruguai implica, no meu caso, levar comigo sempre um dos meus cães de parar; seria impensável fazer este programa de caça à perdiz uruguaia e às grandes lebres que povoam os campos deste País sem a companhia do meu cão de parar. A opção do cão a levar é uma tarefa difícil e mesmo penosa. Invariavelmente a escolha tem por base critérios relacionados com o peso do cão, o seu tamanho, polivalência, e a resistência. Consequentemente os escolhidos são sempre os Epagneul Bretões, não porque sejam melhores caçadores do que a minha Setter Inglesa Smart mas porque cumprem com os requisitos atrás referenciados. Caçar, todos eles caçam, já que desde pequenos foram treinados na codorniz brava açoriana o que constitui um Doutoramento para as outras espécies, incluindo a Galinhola, mas o Epagneul Bretão pesa quase metade da Setter.
A logística da deslocação para caçar no Uruguai não é nada fácil, a começar pela viagem de avião cada vez mais exigente em consequência das crescentes regras de segurança, que se compreende na atual conjuntura internacional. O que já não se compreende são os constantes atrasos nos voos e o extravio de bagagem com todos os inconvenientes graves que provocam. Viajar hoje de avião é cada vez mais um sacrifício. Mas para caçar lá vamos suportando estes constrangimentos e como diz a minha mulher quando me queixo "quem corre por gosto não cansa".
Caçar no Uruguai requer um conhecimento e apoio de uma espingardaria no Uruguai para a importação/legalização da nossa arma de caça, compra das munições e obtenção das licenças de caça junto dos respetivos Serviços Oficiais. Sem estes documentos é impossível exercer o ato venatório. Acresce a necessidade de termos o apoio de amigos locais que conheçam os donos dos terrenos em que pretendemos caçar, pois no Uruguai a caça pertence aos proprietários das explorações agrícolas. As autorizações para se caçar nos terrenos são concedidas mediante o pagamento de uma propina ao dono das terras de cerca de 30 dólares americanos por arma.
No meu caso e dos amigos que me acompanham nestas caçadas no Uruguai temos optado sempre por exercer o ato venatório no Departamento de Flores, o mais novo Departamento do Uruguai que tem como capital Trinidad e que se localiza a cerca de 200 km de Montevideu. O Departamento de Flores tem uma economia tipicamente agrária com muita pecuária de bovinos e caprinos e com importantes produções de cereais de soja e sorgo, já que a cultura do girassol foi progressivamente abandonada devido aos graves prejuízos provocados pelos milhares e milhares de rolas. O Departamento de Flores também é conhecido pelo seu granito que confere à paisagem agrícola uma beleza única e favorece a presença das grandes lebres uruguaias. A existência de muita água é mais um elemento favorável ao desenvolvimento das espécies selvagens, incluindo animais como a lontra que não se pode caçar e bem. Nos dias de hoje é ainda possível num dia de caça o nosso cão de parar amarrar perdizes, lebres e narcejas, ao mesmo tempo que por cima de nós estão permanentemente a circular bandos de rolas, pombos bravos, patos de diversas espécies e uma grande diversidade de aves com portes diferentes e cores lindas que impressionam pela sua exuberância. Estamos pois perante um dos últimos paraísos de caça em estado selvagem e um tesouro das mais variadas e exóticas aves e outros animais que habitam o nosso planeta.
Tal como já escrevi em artigos sobre o Uruguai, este paraíso tem ameaças muito fortes que, a prazo, farão perigar a sua sustentabilidade, pois a agricultura crescente e intensiva da soja, a utilização de pesticidas e outros químicos conduz a um esgotamento dos solos diminuindo o seu fundo de fertilidade e matando indiscriminadamente todos os animais que frequentam este habitat, incluindo as perdizes e as lebres. Quando olho para este tipo de agricultura vem-me sempre à memória o Alentejo e a campanha do trigo, politica então desenvolvida sem os meios e os pesticidas que estão a ser utilizados hoje, logo as consequências no Uruguai poderão ser bem piores.
As autoridades do Uruguai tem vindo reduzir os limites de caça à perdiz fixando atualmente o limite máximo em 10 exemplares que se podem cobrar por dia. Ainda há bem pouco tempo este limite era de 20 perdizes. Devo esclarecer que, nos dias de hoje, só com cães como os nossos conseguimos cobrar aquele limite, os caçadores espanhóis, franceses, italianos e mesmo brasileiros com quem nos cruzamos nunca atingiram o limite das 10 perdizes e isto já é em parte resultado do que atrás referi. Em síntese, não são os caçadores que põem em perigo as espécies cinegéticas, mas o tipo de agricultura e maneio que se tem vindo a afirmar tanto lá como cá. Há quem defenda que este é o preço do " progresso ".
Uma palavra de apreço para os nossos amigos do Uruguai com quem temos tido sempre relações muito amistosas, não estivesse no sangue de muitos Uruguaios a marca Açoriana dos casais que foram das Ilhas dos Açores desbravar o Rio Grande Sul e fundar comunidades como Santa Catarina ou Florianópolis e mais tarde estenderam-se a Sacramento e a outras localidades Uruguaias. O Uruguai é um País profundamente agrícola, muito equilibrado e Pacifico.
As dezenas de perdizes e lebres que cobramos foram oferecidas aos amigos Uruguaios o que lhes dava muito jeito inclusivamente para melhorarem a dieta alimentar.
Finalmente, uma nota para os amigos Dinis, Jorge, José Carlos e Eng.º António Carvalho todos Continentais com quem tenho caçado nestas últimas deslocações ao Uruguai e que para além de serem excelentes caçadores são bem a expressão viva da sua origem, já que desafiando as leis mais duras da logística são incapazes de passar uma semana sem comer bacalhau e com azeite Português.

Gualter Furtado

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

30 de dezembro de 2015

Época das codornizes de 2015 nas Ilhas de São Miguel e Terceira (5 Domingos)

Nº de dias de caça : 5 (incluindo 1 Domingo na Ilha Terceira)
Caçadores : 2
Nº de Cães : 2 (com a Pipoca sempre ao seu melhor nível)
Nº de codornizes cobradas : 48 (os cães não cobraram apenas 2 codornizes em toda a época cinegética, exactamente as que foram atiradas sem serem paradas pelos cães, comprovando que neste tipo de caça é profundamente errado atirar a codornizes não paradas pelos cães).



Dia 27 de Dezembro - último dia de caça das codornizes da época de 2015

Local : Ribeira Grande, São Miguel - Açores
Nº de caçadores : 2
Nº de Cães : 2 (Pipoca e Igor)
Nº de codornizes cobradas : 10
Nº de tiros : 11
Tempo a caçar : das 9h às 10h
Vento forte de oeste

Síntese: As codornizes são a escola da vida dos cães de parar e cão bom às codornizes é meio caminho andado para as Galinholas. A codorniz açoriana é a espécie Rainha da cinegética açoriana, e embora a sua densidade esteja a kms de distância do que era no passado, quando estas Ilhas eram o celeiro do Reino de Portugal, nos dias de hoje ainda é possível desfrutarmos de dias de caça magníficos com os nossos cães de parar a fazerem lances espectaculares que só a nossa codorniz proporciona.

Texto e foto de Gualter Furtado

1 de dezembro de 2015

A Caça à Galinhola

A caça à Galinhola é o expoente máximo da “caça menor”. É o ponto mais alto da complementaridade do caçador com os seus cães de parar, com a mítica galinhola e o meio ambiente.
Prefiro caça-la naqueles terrenos cuja vegetação se aproxima mais da que existia nos Açores nos primeiros tempos do povoamento, isto é, com muitas turfeiras, cedro do mato, urze, fetos e ribeiras. Acresce que próximo deste habitat é muito importante existir gado e de preferência bovino, pois as galinholas gostam muito da proximidade das vacas, porque estas fornecem alguns elementos importantes para a sua alimentação. Paralelamente aprecio muito a paisagem envolvente.
A minha setter inglesa Smart, parada a uma galinhola, tendo por pano fundo as águas do Atlântico e as escarpas das ilhas vizinhas, é um cenário indescritível e uma boa desculpa para um tiro errado.
No Continente cacei pouco às galinholas, mas das vezes que o fiz, o que mais retenho é o cheiro dos pinheiros, um terreno bem mais seco e fácil de progredir, a ausência do mar, muitas estevas e lenhas secas e ribeiras ou valados sem água. Em síntese, é um habitat bastante diferente do nosso, certamente com as suas belezas e encantos, mas muito diferente daquele que desfrutamos nestas paradisíacas Ilhas.
Sobre os cães, a minha primeira paixão foi o epagneul bretão. É um cão fantástico, mas depois de conhecer e caçar com o setter inglês cheguei à conclusão que esta raça é o “Rolls Royce” das galinholas, é uma raça que se adapta bem ao tipo de habitat que as galinholas preferem, tem uma busca ampla e muito eficiente, é firme na paragem, fura silvados quando é preciso, anda no fundo das ribeiras e valados de forma ordenada e destemida, tem uma grande resistência e cobra de uma forma que às vezes nos corta a respiração.
Naturalmente, existem outros cães e de outras raças que também foram ou são muito bons, mas em média a minha preferência vai para o setter inglês, embora continue a ter também cães da raça epagneul bretão e que me têm dado muitas alegrias em jornadas cinegéticas fabulosas.
Relativamente ao tipo de espingarda, utilizo na caça à galinhola normalmente 2 armas de caça, sendo uma de calibre 20, da marca Arrieta, "paralela", de 71 cm de cano, com choques fixos e com três e quatro estrelas, 2 gatilhos, com coronha de madeira papo de rola não adaptada, e a outra é uma semiautomática Browning Maxus, de 66 cm de cano, mono gatilho, sempre com o choque cilíndrico, e com coronha de madeira meia pistola não adaptada.
O uso de cada uma depende dos terrenos, do tempo que estimo caçar, do cão que levo, do meu estado de espírito e também do companheiro humano que me acompanha. É que por vezes os parceiros ditam as regras e as opções.
Quanto aos cartuchos, na calibre 20, utilizo o chumbo 8 ou 9 e com cargas de 28 gramas. Era um grande apreciador da marca Mellior. Em relação ao calibre 12, a minha indiscutível preferência vai para o B&P Especial Galinholas, que é um cartucho com chumbo 8,5, com cargas de 34 gramas.
Respeitante ao equipamento, refiro que, antes, só usava chocalhos nos cães. Era um preciosismo da minha parte, por ignorância ou talvez porque era mais novo e andava mais e os cães caçavam mais curto. Hoje sou um adepto dos colares com "beeper" e os meus cães adaptaram-se bem a estas modernices. Trata-se de uma solução que me permite acompanhar as buscas e as paragens mais longas, bem como localizar o cão mais facilmente, sendo certo que à maneira que os anos passam as minhas dificuldades de progressão no terreno vão aumentando, pelo que a necessidade de arranjar novas artimanhas também aumenta.
O que sabe tudo em matéria de caça à galinhola ainda está por nascer e, por exemplo, tenho uma dúvida que se prende com o porquê de, em certos dias, as galinholas não darem paragem aos cães; isto já me aconteceu. Será resultado do barulho a mais do "beeper" ou do chocalho, das galinholas já terem sido atiradas, das condições climatéricas, da posição no terreno ou de outras causas?
O vestuário é o mais leve possível, uma capa para a chuva, um chapéu e um colete de cores fluorescentes e botas de borracha. Como caço sempre com bornal, isto permite-me levar uma ou duas garrafas de água para mim e para os cães, embora nos Açores tenhamos água por todos os lados, menos por cima; a não ser quando chove. Os documentos da caça, uma lanterna para os imprevistos, umas trelas suplentes e uma ou outra peça de fruta. Levo também sempre comigo uma boa navalha. Caçador sem navalha não é caçador, já que faz muita falta no terreno e principalmente para a componente social. 
Caçar nos dias de hoje à galinhola é um privilégio e uma honra, logo temos que saber aproveitar bem, e responsavelmente, estes momentos sublimes.

Gualter Furtado

PERFIL
Nome: Gualter Furtado
Idade: 62 anos
Natural de: Vale das Furnas na Ilha de São Miguel, Açores
Residente em: Arrifes, Ponta Delgada - Açores
Caçador desde: Os 7 anos de idade 

Trabalho publicado no nº 218. Dezembro 2015.  Revista Caça e cães de Caça 

4 de novembro de 2015

Uma curiosidade de Caça na Montanha do Pico

A fotografia é de um cabrito descendente dos lançados pelos primeiros povoadores na majestosa Montanha da Ilha do Pico. 
Ele e a mãe foram parados pelos nossos cães. A mãe conseguiu fugir (mesmo que não fugisse não atirávamos) e depois de uma sessão fotográfica à cria que não tinha a agilidade da progenitora, para também poder escapar aos cães, abandonamos o local. 
O cabrito e a mãe ficaram vivos e de boa saúde. Tal só foi possível dado o comportamento e elevado nível de ensino dos nossos cães de parar.
Esta história envolvendo caçadores de Santo Huberto, passou-se no Domingo, dia 1 de Novembro de 2015, numa caçada às Galinholas na Montanha do Pico, na companhia do famoso Grupo de caça da Piedade, liderado pelo Comandante Cremildo Marques, mais conhecido como o "Barbas do Pico".
Com a neve na Montanha do Pico é normal as cabras e as ovelhas selvagens que habitam naquele magnífico lugar descerem para os Baldios.
A rematar mais esta jornada de caça seguiram-se os petiscos com as iguarias de gastronomia, só possíveis de encontrar no Pico que, tal como as Galinholas, são tesouros inigualáveis!



Texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

25 de outubro de 2015

Abertura das Galinholas nos Açores

A época venatória da caça à Galinhola nos Açores teve o seu início neste mês de Outubro em todas as Ilhas em que é permitido a caça a este espécie mítica e que só pode e deve ser caçada no máximo  por dois caçadores e dois cães de parar, sendo que o limite superior de cobros por caçador são duas ou três galinholas, e dependendo da Ilha em questão. 
Só se pode caçar aos Domingos das 8h às 13h. 
Este ano fiz a abertura na "Ilha Montanha" que apresenta uma densidade de Galinholas muito razoável, a que não deve ser alheio o facto de este ano a caça ao coelho ter estado encerrada devido ao surto de hemorrágica e que castigou muito aquela terra, mas paralelamente permitiu que as galinholas criassem bem e escapassem a algum tiro perdido.
Por outro lado, como a "Dama dos Bosques" (galinholas) não compete com as vacas, é tolerada pelos lavradores, levando uma vantagem incalculável em relação ao coelho-bravo. 
O grande inimigo da Galinhola dos Açores é a mudança do habitat natural e principalmente os arroteamentos.
Finalmente, uma palavra de reconhecimento pela forma amiga como somos sempre recebidos quando vamos caçar nas outras Ilhas e para a  forte componente social que envolve a caça à Galinhola, uma espécie que nasce e vive nos Açores e é um verdadeiro Tesouro do nosso Arquipélago.

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

18 de julho de 2015

Hugo Seia expõe em Ponta Delgada

No dia 16 de Julho de 2015, no Auditório do Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada, Hugo Seia, conhecido caçador e guia africano, levou a cabo a sua primeira Exposição de Pintura nos Açores, intitulada “África“.
Presentes nesta cerimónia esteve o Prof. João Aguiar, em representação do Presidente do Governo dos Açores, o Dr. Fernando Fernandes, que é o Vice Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, alguns amigos a residir neste Arquipelago e com origem em África e ainda alguns caçadores Açorianos.
A pintura de Hugo Seia reflete toda uma vida partilhada com a natureza Africana e a sua relação com a fauna mais representativa daquele continente.
Esta Exposição pode ser visitada no Auditório do Centro Municipal de Ponta Delgada, até ao próximo dia 31 de Agosto. 

Texto da autoria de Gualter Furtado
Fotos Câmara Municipal de Ponta Delgada

11 de julho de 2015

Pombos na Ilhas Atlânticas

Realizou-se no passado dia 24 de Junho, na Universidade dos Açores, um Colóquio Internacional sobre a “Ecologia e Evolução do Pombo Torcaz: ferramentas para uma estratégia de gestão e conservação – AZORPI (2012-2015)”, um projeto que conta com o apoio do Governo Regional dos Açores.
Participaram nesta Conferência diversos investigadores nacionais e estrangeiros, consultores do projeto e com larga experiência no estudo da biologia desta espécie e do meio ambiente que habita. Estes cientistas tem investigado e produzido trabalhos  sobre o pombo torcaz, relacionados com o Serviço do Parque Nacional da Madeira, com as Ilhas Canárias, com o  Reino Unido, o Continente Português e os Açores.
Os resultados apresentados nesta Conferência, sobre o caso concreto do torcaz dos Açores (palumbus azorica), estão ainda numa fase muito preliminar, sendo pois insuficientes para cientificamente suportar de imediato qualquer opção criteriosa de gestão e conservação desta espécie.
O Tema em análise era de elevado interesse para o estudo da ave, do meio ambiente, do estado da dinâmica populacional em que se encontram as populações dos diferentes tipos de pombos endémicos que habitam as Ilhas da Macaronésia, da sua relação de conflitualidade com a agricultura (exemplo das respostas encontradas na Madeira) e a sua importância para a defesa da biodiversidade e da floresta laurissilva. Infelizmente, para além da comunidade cientifica, os Açorianos que participaram nesta Conferência não chegaram a meia dúzia de pessoas e já incluindo eu próprio e o Diretor Regional do Ambiente. Uma situação lamentável que se fica a dever a vários fatores, incluindo naturalmente uma falha da própria organização do evento.
Foi uma oportunidade perdida para se aprender e discutir sobre uma espécie que já se encontrava nos Açores quando chegaram cá os primeiros Povoadores, como bem descreve Urbano Mendonça Dias, no seu Livro “A História do Vale das Furnas“.
Tambem se perdeu a oportunidade para se debater as opções tomadas pelo Governo Regional dos Açores sobre esta matéria, embora eu não  tivesse deixado de o fazer olhos nos olhos com o Senhor Diretor Regional. O Dever de cidadania é um Direito inalienável, que em circunstâncias algumas devemos abdicar, e um cidadão melhor informado certamente que toma melhores decisões.

Gualter Furtado , 25 de Junho de 2015           

7 de junho de 2015

Último surto de Hemorrágica no Coelho-bravo nos Açores foi introduzido

Numa Conferencia sobre a Gestão do coelho-bravo nos Açores, realizada no dia 5 de Junho, em Ponta Delgada, o investigador Pedro Esteves, do CIBIO/Bio da Universidade do Porto,  baseado em resultados de análises a cadáveres de coelhos-bravos recolhidos praticamente em todas as Ilhas dos Açores, afirmou que não tem dúvidas nenhumas que o tipo de vírus detectado é o mesmo que ocorre na Península Ibérica desde o ano de 2012, principalmente no Sul de Portugal e da Espanha, e que foi introduzido nos Açores, acidentalmente ou intencionalmente.
A primeira Ilha afetada foi a Graciosa, depois as restantes Ilhas do Grupo Central, a que se seguiu a Ilha das Flores, no Grupo Ocidental, que nunca tinha sofrido nenhum surto hemorrágico. Nesta Ilha morreram milhares de coelhos.
Segundo o mesmo investigador a introdução da hemorrágica na Ilha de São Miguel deu-se a partir da Ilha Terceira, já que a patologia detectada nos coelhos afetados em São Miguel segue o mesmo padrão dos da Ilha Terceira.
Ainda de acordo com o mesmo cientista o padrão do vírus detectado na Ilha de Santa Maria era o mesmo da Graciosa.
Esta Conferencia contou ainda com intervenções da Diretora Regional dos Recursos Florestais, Engª Anabela, do Engº Manuel Leitão, dos Serviços Florestais, e do Investigador do CIBIO, Paulo Alves.
Estiveram presentes representantes de onze Associações de Caçadores de diversas Ilhas, agricultores, quadros de diversos Departamentos do Governo Regional, veterinários e outros profissionais, o que demonstra a importância do tema num debate que se prolongou por mais de 3 horas. A Conferencia foi também transmitida pela internet em tempo real. 


Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

23 de abril de 2015

Vasco Bensaude do Mundo Empresarial à Paixão pelos Cães e pela Caça

Vasco Bensaude nasceu em Lisboa, no ano de 1896, filho de Pais Açorianos. Era descendente de uma família Judia que chegou aos Açores nos inícios do Século XIX e viria a falecer no Pico Salomão, em Ponta Delgada, em 1967. O Senhor Vasco Bensaude, como era conhecido nos Açores, foi o líder, durante algumas décadas, do mais importante Grupo Económico dos Açores e com posições muito relevantes em setores de atividade no plano nacional, como aconteceu na pesca do bacalhau e mesmo nos transportes marítimos. A presença da Casa Bensaude, no século passado e na economia açoriana, está fortemente ligada ao nome e à gestão do Senhor Vasco Bensaude. O comércio, os serviços de navegação marítima, a pesca do bacalhau, os transportes aéreos (SATA), a Companhia de Seguros Açoriana, o Banco Micaelense, a Fábrica de Tabaco Micaelense, a Fábrica do Açúcar e a Fábrica do Álcool tiveram todas a mão do Senhor Vasco Bensaude. Mas foi no turismo que o Senhor Vasco Bensaude deixou uma marca verdadeiramente histórica ao associar-se, nos anos 30 do século XX, a outros açorianos na criação da Sociedade Terra Nostra e que esteve na origem da construção, precisamente há 80 anos, do Hotel Terra Nostra das Furnas, na Ilha de São Miguel, e que é, indiscutivelmente, um dos melhores hotéis de Portugal, a que o Senhor Vasco Bensaude anexou, por compra, o famoso parque Terra Nostra das Furnas, com a sua piscina de águas quentes e árvores de grande porte vindas de todos os Continentes. O Parque Jardim Terra Nostra é hoje considerado pelos especialistas um dos 250 Jardins mais Belos do Mundo. O senhor Vasco Bensaude era um empresário bem conhecido no País, mas também no estrangeiro, designadamente em Inglaterra, onde estudou em jovem, e nos Estados Unidos da América. Também é conhecido o interesse do Senhor Vasco Bensaude pela arte, cultura e desenvolvimento social, sendo inúmeros os exemplos, o que é menos conhecido, ou mesmo desconhecido, é o seu interesse pelo mundo dos cães e pela cinegética.
Começando pelos cães, Portugal e a canicultura ficaram a dever ao Senhor Vasco Bensaude todo o seu empenhamento e reconhecimento da raça portuguesa dos Cães de Água. Como me confidenciou recentemente a D.ª Patricia Bensaude Fernandes, filha do Senhor Vasco Bensaude, foi o seu grande amigo, como ela diz “o melhor amigo do meu Pai”, o Senhor Renato Pinto Soares que o despertou para os cães e a caça. Vasco Bensaude, com a perseverança que lhe era conhecida, levou nos anos 30 os cães de água dos barcos de pesca e das traineiras para os ringues das exposições e para as primeiras classificações, tendo-se tornado mesmo como criador da raça, a par de outras como a dos Clumber Spaniel que utilizava na caça às Galinholas. A este propósito, são hoje conhecidas histórias fantásticas do relacionamento do Senhor Vasco Bensaude com os seus cães e em especial com o LEÂO. Mas a sua passagem pelo mundo dos cães não se ficou apenas por aquela raça, já que se juntou à equipe que realizou em 1931 a 2ª exposição internacional de canicultura em Lisboa, que estaria na base da Secção de Canicultura do Clube de Caçadores Portugueses (origem do Clube Português de Canicultura), sempre na companhia do seu amigo Renato Pinto Soares e grande entusiasta e fundador daquela Secção. Esta iniciativa viria posteriormente a revelar-se um valioso contributo para o apuramento e registo de algumas raças Portuguesas, como a do nosso magnifico Perdigueiro Português / Nacional.
No mundo da caça, permito-me destacar o contributo e sugestões do Senhor Vasco Bensaude nos anos 30 e seguintes do século passado que, se seguidas pelos poderes públicos e caçadores,   poderíamos ter hoje um setor da caça sustentável, moderno e amigo da natureza. A este propósito refiro a carta que dirigiu à “Comissão Venatória Districtal” da Ilha de São Miguel e publicada no dia 1 de Dezembro de 1936, no Jornal Mensário Caça, nº 7, e que era distribuído juntamente com o Açoriano Oriental (pode ser consultado na Biblioteca Púbica e Arquivo Regional de Ponta Delgada). Neste documento extraordinário e fruto da sua experiência internacional, para além das propostas que faz para garantir a perenidade das espécies cinegéticas autóctones, com especial ênfase para as Galinholas, cuja evolução demográfica o preocupava muito, ele sugere que devia ser estudada a introdução de novas espécies venatórias, como a perdiz vermelha, a perdiz cinzenta, a codorniz da Califórnia e o pombo de São Tomé. Nesta mesma carta disponibiliza terrenos e meios para serem efetuados estes ensaios. Refere que os terrenos em questão têm muita comida para as aves, água com fartura, e estão protegidos dos ventos dominantes, exigindo apenas que estes terrenos deveriam ficar salvaguardados da prática cinegética para não se comprometer esta experiência que seria depois utilizada para o repovoamento.
Aqui fica a minha Homenagem a um visionário e companheiro de Santo Huberto.

Gualter Furtado
Abril de 2015

Foto: Vasco Bensaude ao centro, nos anos 30, do séc. XX, na Ilha de São Jorge

6 de abril de 2015

O estado da caça em Santa Maria

A época venatória de 2014/2015 será certamente recordada pela mortalidade de coelhos-bravos provocada pela nova estirpe da Doença Hemorrágica Viral (DHV) e pelas dificuldades criadas por uma crise que desanima muitos dos caçadores marienses ao ponto de cederem alguns dos seus cães e desistirem da caça. Nas linhas que se seguem partilharei informação gentilmente cedida pela Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF), pelo Sr. Dr. Rui Forte, médico veterinário dos meus cães, para além daquela que fui recolhendo, na tentativa de traçar um retrato do estado da caça na Ilha de Santa Maria.

A doença dos coelhos

A primeira ocorrência da DHV surgiu na Ilha Terceira em 1989, tendo-se depois espalhado por todas as Ilhas dos Açores. Em Santa Maria isso teve consequências terríveis na população de coelhos-bravos e domésticos, provocando um elevado número de animais mortos e levando ao fecho da caça por mais um ano. O último surto da doença registou-se na época de 2011/2012.
A detecção dos primeiros coelhos mortos em Santa Maria, nesta época de 2014/2015, registou-se a 05/02/2015, tendo a caça fechado 5 dias depois, desconhecendo-se quando reabre. Em 26/02/2015 já se tinham contado 352 coelhos mortos e em 13/03/2015 contabilizaram-se 805 coelhos mortos pela doença. Infelizmente estes números não reflectem a realidade, porque muitos dos coelhos não chegam a ser detectados por se encontrarem em locais ermos e inacessíveis, pelo que estimo tratar-se de um número maior. A DHV é uma doença infecto-contagiosa, altamente contagiosa, que afecta os coelhos-bravos e domésticos, transmitindo-se por contacto directo ou através de objectos contaminados, roedores e insectos. Manifesta-se cerca de dois dias depois da infecção e provoca uma mortalidade que varia entre a metade e a totalidade da população de coelhos num determinado local. Apesar de não se transmitir aos humanos, a carne dos coelhos afectados não deve ser consumida, porque há sempre o risco de se ingerir carne insalubre. Os coelhos que sobrevivem, permanecem portadores e podem continuar a espalhar o vírus durante cerca de um mês. A prevenção consiste essencialmente no controlo de insectos e objectos contaminados. Nesse âmbito a DRRF mandou afixar em locais públicos da Ilha um boletim informativo onde, para além de informação sobre a doença, indica precauções e expõe algumas normas que devem ser respeitadas na recolha e eliminação dos coelhos mortos. Para esclarecimentos adicionais, deverão os interessados contactar o Serviço Florestal de Santa Maria através do telefone 296 204 685.

Caçadores perdem expressão

A existência deste surto em Santa Maria surge numa altura em que a população dos coelhos ainda não tinha recuperado os níveis anteriores a 2011. Conjugando o menor número de peças de caça, com o fecho antecipado da época venatória e o encerramento dos cães nos canis, com o agravamento das condições de vida e com a falta de uma entidade organizada que represente os caçadores de Santa Maria, muitos têm optado por reduzir despesas que, nos casos mais extremos, resultam na desistência da actividade venatória, embora o número de caçadores com carta válida em Santa Maria pouco tenha oscilado nos últimos 5 anos, mantendo-se entre os 166 em 2010 e os 167 em 2014. O mesmo não se poderá afirmar quanto à emissão das licenças de caça que passaram de 203, na época de 2011/2012, para apenas 107 emitidas em 2013/2014.

Perspectivas pouco animadoras para a caça

Os caçadores marienses deparam-se agora com uma variante extremamente agressiva do vírus da DHV, que lhes está a provocar uma elevada mortalidade na população de coelhos-bravos. Constata-se um afastamento crescente dos titulares de carta de caçador em relação à prática da caça, porque caçam cada vez menos e não podem soltar os seus cães, porque possuem maiores dificuldades em fazer face às despesas decorrentes da actividade e do custo de vida e também porque não se sentem representados. Acresce a tudo isto o surgimento de actividades desportivas e recreativas com elevada participação e potencial para a Ilha, também relacionadas com o uso da natureza e que se desenvolvem em terrenos de caça. Zona de caça e campo de treino Os caçadores de Santa Maria, enquanto associados, nunca apostaram na criação de uma zona de caça associativa ou campo de treino onde se pudesse desenrolar a prática da caça e o treino dos seus cães. Se isso tivesse sido levado a cabo, não se evitaria o surto da hemorrágica, como é lógico, mas teriam quem os representasse, geriam e usufruiam de um espaço, podiam libertar e treinar os seus cães durante todo o ano, investir na formação e nas boas práticas ambientais, inclusivamente minorar os efeitos das maleitas que afectam os coelhos. E até podiam ir mais longe, colaborando com outras entidades e contribuindo para o desenvolvimento da nossa bonita Ilha de Santa Maria. 

Os caçadores que se pronunciem

Perguntou-me “O Baluarte” se estaria na disposição de escrever um artigo de opinião sobre o estado da caça em Santa Maria. Manifesto o meu agradecimento pela oportunidade, sendo que o redigi na qualidade de caçador. Enalteço a pronta colaboração na cedência de informação, da DRRF, na pessoa da sua Directora, Exm.a Sr.ª Eng.ª Anabela Isidoro, e do Sr. Dr. Rui Forte. Relativamente ao estado da caça nesta Ilha, penso que as linhas que escrevi a retratam com fidelidade. Sobre o seu futuro, devem ser os caçadores de Santa Maria a pronunciarem-se.

Artigo de opinião publicado na edição deste mês d' O Baluarte

30 de março de 2015

Lagoa das Furnas

Percurso de cerca de 7 km, fácil e muito bonito.
Com o fascínio de recordar a minha infância, pois era exatamente nas margens desta Lagoa que com 10 anos de idade costumava acampar, usando como tenda um oleado montado sobre uma estrutura de canas da Índia.
A minha companhia era uma pressão de ar, Diana 25, uma caixa de fósforos e um pequeno saco de sal.
Agora sem caça e com os meus cães de quarentena, há que arranjar alternativas para se manter a forma e tentar esquecer a tragédia que se abateu sobre o nosso coelho-bravo.






Texto e foto de Gualter Furtado

11 de março de 2015

Associação Micaelense de Caça reúne com DRRF

Atendendo ao elevado interesse e pertinência do tema da DHV nos Açores, publica-se a informação prestada pela AMC aos seus associados, resultante da reunião que manteve ontem com a Direcção Regional dos Recursos Florestais.

INFORMAÇÃO PARA OS MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO MICAELENSE DE CAÇA

No seguimento da reunião promovida pela Associação Micaelense de Caça no dia 6/03/2015 no Clube de Tiro de São Miguel e durante a qual foi amplamente debatida a atual situação que se vive na cinegética de São Miguel e dos Açores e como consequência do surto hemorrágico que afetou o coelho bravo em 8 ilhas dos Açores. Em relação a esta reunião foi emitido um Comunicado e que foi amplamente divulgado. Foi então deliberado solicitar uma reunião à Direção Regional dos Recursos Florestais e, dando cumprimento a esta decisão, solicitamos esta reunião que se realizou nas instalações da referida Direção Regional no dia 10/03/2015 pelas 16h, tendo participado na reunião a Senhora Diretora Regional Eng.ª Anabela Isidoro e o Eng.º Manuel Leitão em representação dos Serviços que oficialmente têm a tutela da Caça nos Açores e pela Associação Micaelense de Caça o seu Presidente e Vice-presidente respetivamente o Sr. Paulo Cruz e o Eng.º Pedro Moniz e ainda o Presidente da Assembleia Geral o Dr. Gualter Furtado.
Os representantes da Associação Micaelense de Caça agradeceram à Sr.ª Diretora Regional a prontidão em nos receber. De imediato foi transmitido a grande tristeza que grassa nos Caçadores Açorianos com a mortandade dos coelhos bravos e as preocupações manifestadas pelos caçadores na reunião de 6/03/2015:

- Maior diálogo e transmissão de informações por parte dos Serviços Florestais;
- Evolução do surto hemorrágico;
- Se existiam informações sobre a origem deste surto hemorrágico;
- Necessidade de se reforçar a componente científica e técnica durante esta crise e na fase posterior a esta;
- Como são realizados os Censos;
- Expectativa quanto à libertação dos cães caça;
- O Futuro do coelho bravo;
- E a nossa disponibilidade para o diálogo.

Ficamos com a promessa por parte dos Representantes da Direção Regional dos Recursos Florestais que estariam disponíveis para nos prestarem regularmente informações acerca do surto hemorrágico. Depois fizeram o ponto de situação atualizado do número de coelhos mortos nas diferentes Ilhas, de reter que continuam a morrer coelhos bravos na Ilha de São Miguel. Quanto à origem do surto hemorrágico na Ilha Graciosa a Sr.ª Diretora Regional relatou-nos que os Serviços Florestais informaram o Ministério Público e o SEPNA que se disponibilizavam para colaborar com informações que eventualmente possam ser úteis às investigações.
Informaram ainda que a libertação dos cães de caça só poderia ocorrer “dois meses depois de se recolher o último coelho morto “, sob pena de se estar a contribuir para o alastramento desta virose hemorrágica. Sabemos que não são só os nossos cães de caça que podem provocar a difusão da hemorrágica, mas concordamos aguardar mais um mês findo o qual será feito novo ponto de situação.  

7 de março de 2015

Comunicado da Associação Micaelense de Caça

1 - Tomamos conhecimento pelos Órgãos de Comunicação Social que a Direção Regional com a tutela da Caça nos Açores, confirmou a estirpe da doença hemorrágica no coelho-bravo na Ilha de São Miguel e praticamente em todas as Ilhas do Arquipélago. 

2 - Os caçadores da Associação Micaelense de Caça manifestam um profundo pesar com esta situação e que prejudica gravemente a sustentabilidade do coelho-bravo nos Açores, embora no caso da Ilha de São Miguel não se conheça ainda e em toda a extensão em que medida esta virose afetará a população do coelho-bravo na Ilha. Aguardamos informação relevante por parte da Direção Regional e dos Serviços Florestais, a quem compete este dever de informação.

3 - Associamo-nos a todos aqueles que exigem um cabal esclarecimento por parte das entidades oficiais sobre a origem deste surto de hemorrágica e como sabemos teve o seu início na Ilha Graciosa. A comunidade dos caçadores Micaelenses e Açorianos merecem este esclarecimento.

4 - A Associação Micaelense de Caça considera que foi acertada a interdição da caça por parte dos Serviços Oficiais que tutelam a caça como mais um meio preventivo e de impedir uma maior circulação da virose, embora e infelizmente saibamos que a circulação da hemorrágica pode ocorrer por outras vias em que não se exclui a intenção premeditada e criminosa.

5 - Sugerimos que seja formalmente solicitada e realizada uma reunião com a Direção Regional dos Recursos Florestais, para que sejamos informados sobre os mais recentes desenvolvimentos sobre este surto de hemorrágica na Ilha de São Miguel e nos Açores.

6 - Preocupa-nos muito o bem estar dos nossos cães de caça, apelando-se a todos os caçadores para fazerem um esforço adicional e até mesmo sacrifícios para nestas circunstâncias garantirem e preservarem os seus cães, grandes companheiros e amigos dos caçadores.

7 - Continuam a morrer coelhos bravos na nossa Ilha, sendo assim, não nos parece aconselhável para já a libertação nos terrenos de caça dos nossos cães de caça, embora saibamos que não são só os nossos cães que iriam difundir a hemorrágica, mas este é o nosso contributo responsável para garantirmos a sustentabilidade do coelho-bravo, animal bravio que se confunde com a natureza e a história dos Açores. As nossas Ilhas e mesmo a agricultura açoriana ficariam bem mais pobres com o desaparecimento do nosso coelho-bravo. Logo que houvesse sinais mais claros sobre o comportamento desta virose hemorrágica, esta questão da libertação dos cães de caça e principalmente nos campos de treino deveria ser prontamente equacionada.

8 - Reafirmamos a nossa total disponibilidade para cooperar com as entidades oficiais e todos os parceiros do setor e sempre com o objetivo de preservar o coelho-bravo, o bem-estar dos nossos cães e o direito consciente à pratica do ato cinegético. 

Comunicado síntese da reunião da Associação Micaelense de Caça, ocorrida a 06 de Março de 2015
Gualter Furtado, o Presidente da Assembleia-geral
Paulo Cruz, o Presidente da Direção

3 de março de 2015

Caçadores vão discutir situação da caça e medidas a tomar

REUNIÃO 06 DE MARÇO, PELAS 18H30, NO CLUBE DESPORTIVO DE TIRO DE SÃO MIGUEL

Confirmada que se encontra a existência da nova estirpe da doença hemorrágica no Arquipélago (a mais mortal de todas), o aparecimento deste surto está a causar muita estranheza e preocupação entre os caçadores.
Os caçadores que se manifestaram em Ponta Delgada acusaram o governo de “passividade” face ao problema, o que foi prontamente rejeitado pelas autoridades regionais.
Estes assuntos serão discutidos pelos caçadores da Ilha de São Miguel, na próxima sexta-feira, dia 6 de Março, pelas 18h30, nas instalações do Clube Desportivo de Tiro de São Miguel.
O encontro é organizado pela Associação Micaelense de Caça, constando da ordem de trabalhos o grave problema da doença hemorrágica e outros casos ligados à caça, bem como as medidas urgentes que devem ser tomadas.

2 de março de 2015

Mais de 10 mil coelhos mortos recolhidos em 7 ilhas

As autoridades regionais já estão na posse dos resultados das segundas análises aos coelhos mortos, que reconfirmam a presença da nova estirpe da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos.
Mais de 10 mil coelhos mortos já foram recolhidos pelos Serviços Florestais em sete ilhas - soube o “Diário dos Açores” de fonte da Direcção dos Serviços Florestais.
Os primeiros exemplares começaram a ser recolhidos na ilha Graciosa em 29 de Novembro do ano passado, aumentando até ao dia 26 de Fevereiro em várias ilhas, com destaque para as Flores, onde foram recolhidos 6.860 coelhos (ver quadro nesta notícia). Até agora os Serviços Florestais não têm registos de coelhos mortos apenas nas ilhas de Pico e Corvo, mas, tal como noticiámos na edição de sábado, vários caçadores picoenses dizem já ter encontrado muitos coelhos mortos naquela ilha e estranham que não seja do conhecimento das autoridades.
O nosso jornal sabe que, ainda no passado fim de semana, caçadores do Pico enterraram vários exemplares pequenos na zona do Paúl da Borrega.
Também nesse fim de semana foram encontrados mais coelhos mortos nas matas da margem sul da lagoa das Furnas, em S. Miguel.
Tal como foi revelado pelo nosso jornal, as primeiras análises em S. Miguel confirmaram o vírus hemorrágico, mas na sexta-feira o governo recebeu, segundo sabemos, as segundas análises, que reconfirmam a presença da nova estirpe da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos.
Fonte oficial da Direcção dos Serviços Florestais disse ao “Diário dos Açores” que a proibição de caça foi decretada naquelas ilhas, “nalguns casos preventivamente, mesmo sem os resultados definitivos das análises, e devido ao significativo número de animais encontrados. Apesar do decréscimo ou até ausência de animais mortos encontrados nas ilhas onde se detectou a doença mais cedo (antes de S. Miguel e Santa Maria), mantém-se a prevenção dos serviços com vistorias e a interdição de caça”.

Caça ao pombo-torcaz e melro preto

Entretanto, vai ser autorizada a caça ao pombo-torcaz e ao melro preto a partir de Junho, no Pico e na Terceira, numa decisão que não merece a aprovação de alguns caçadores. 
As autoridades entendem que “estamos perante espécies não cinegéticas e protegidas”, pelo que “de 15 de Junho a 15 de Setembro e durante esse período, é permitida a correcção, num período mais alargado, de densidade populacional em áreas específicas (nas áreas de vinha da Terceira e Pico), através de requerimento à Direcção Regional de Ambiente, com recurso a diversos métodos, entre os quais a arma de fogo desde que em respeito pela lei da caça”.

Diário dos Açores
Transcrição da notícia de 03 de Março de 2015

28 de fevereiro de 2015

O descontentamento dos caçadores sobe de tom

O Diário dos Açores,  avança hoje, na primeira página que está confirmada a morte dos coelhos na Ilha de São Miguel através da hemorrágica. 
Também ficamos a saber que os coelhos já estão a morrer na Ilha do Pico e, ao que tudo indica, pelas mesmas razões.
Vislumbramos igualmente que se prepara a abertura da caça ao melro negro e ao pombo-torcaz na Ilha Montanha, sem que os caçadores tenham sido ouvidos no processo, o que tem provocado um enorme mal-estar junto da comunidade venatória, ameaçando Cremildo Marques, representante dos caçadores no Conselho Cinegético da Ilha do Pico, demitir-se das suas funções naquele organismo.
À semelhança do que se passa nas restantes Ilhas dos Açores, com especial relevo para a Ilha de São Miguel, que até já viu descer à maior cidade desta Região uma manifestação de caçadores no passado Domingo, o descontentamento com a actual situação da caça é crescente e sobe agora de intensidade, desconhecendo-se como isto irá acabar, se não houver promoção do diálogo. 

Foto resultante do recorte da notícia do "Diário dos Açores" (pp. 4)

27 de fevereiro de 2015

Resposta ao Diogo Caetano

Conforme já tive a oportunidade de transmitir ao Dr. Diogo Caetano e ele já me respondeu, a propósito do seu artigo publicado no Correio dos Açores de 26 de Março, com o título “Caça Hemorrágica”, refiro que existem caçadores e “caçadores”, razão porque quando se aborda o tema da caça não se podem fazer generalizações, inclusivamente, não fosse o contributo dos caçadores (sem aspas) por este Mundo fora e algumas espécies de aves e mesmo de outros exemplares do mundo animal, já teriam sido extintas. Acresce, que não partilho da ideia que nos Açores o coelho-bravo seja uma “praga das culturas agrícolas”.
Numa fase em que os Açores optaram, e bem, por uma marca em que a nossa Natureza é altamente valorizada, o caçador açoriano deve estar na primeira linha da defesa do ambiente e no qual se inclui o coelho-bravo, razão porque nos dias de hoje não me revejo na sua “Caça Hemorrágica”.


Gualter Furtado
Correio dos Açores, 27 de Fevereiro de 2015

23 de fevereiro de 2015

Caçadores manifestam-se na Ilha de São Miguel

O jornal Açoriano Oriental dá-nos a saber que, ontem, a cidade de Ponta Delgada, foi palco de uma manifestação de cerca de 200 caçadores que saíram à rua com os seus cães de caça em protesto, numa iniciativa do Clube de Caçadores de Vila Franca do Campo (CCVFC), sobre a Doença Hemorrágica Viral (DHV) e contra uma alegada passividade das entidades oficiais em relação à existência e disseminação daquela doença.
Em esclarecimento, a Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF) fez saber que as medidas tomadas "têm permitido, até à data, uma evolução positiva na contenção dos efeitos do surto nas ilhas onde a doença foi detectada ou por precaução a caça foi proibida", acrescentando que foram ainda "emitidos editais para prevenir a disseminação da doença para outras ilhas, proibindo a circulação de coelhos e seus derivados, assim como de cães de caça".
A determinada altura, José Maria Arruda, presidente da direcção do CCVFC, faz afirmações que considero graves.
Diz ter provas da introdução do vírus na Ilha de São Miguel, não obstante o facto de ter apresentado denúncia no Ministério Público e na GNR, e acrescentou que o CCVFC também iria recolher assinaturas para denunciar a alegada passividade e conivência dos governantes, no Parlamento Regional, junto do Representante da República para os Açores e no Parlamento Europeu, dizendo que os caçadores estavam “cansados”.
Correndo inquérito para averiguar a verdade sobre a existência e a prática de um crime, neste caso da alegada introdução criminosa do vírus nos Açores, seria de todo conveniente que informasse a autoridade judiciária competente da prova que diz possuir, como é da sua obrigação, ao invés de bradar na comunicação social que a tem, se é que a tem.
Quando ainda se esperam os resultados das análises realizadas aos coelhos encontrados mortos e quando é do conhecimento que foram tomadas medidas por parte da DRRF para precaver a extensão dos danos, é leviana a recolha das assinaturas e precipitada a manifestação.
Certamente que se trata de um contexto que nos preocupa a todos e que exige medidas urgentes e concertadas, mas há tempos e limites a respeitar e esses foram ultrapassados.
Que se fará na próxima ocorrência da doença? Abater as aves migratórias? Sim, porque essas também podem transportar o vírus. 
Isto que se fez em nome dos caçadores, não me representa e nada alcançará de positivo.
A bem da verdade, já me bastava a DHV.

22 de fevereiro de 2015

Pombo-torcaz-dos-Açores

O Pombo-torcaz-dos-Açores (Columba palumbos azorica) desde 1993 que é considerado no Arquipélago dos Açores uma espécie incluída na Diretiva das Aves, com o estatuto de ave protegida, e abrangida pela Conservação das Aves Selvagens. Logo a caça a esta espécie está proibida nos Açores.
O Pombo-torcaz é o pombo com maior envergadura na Europa e os que habitam e se reproduzem nos Açores são mesmo tidos pelos estudiosos das aves como uma subespécie endémica do Arquipélago.
É uma ave de grande porte, muito bonita e que tem como habitat privilegiado as matas coníferas embora nos últimos anos seja frequente a sua presença nos jardins das cidades da Europa, inclusive nos mais importantes núcleos urbanos dos Açores.
Nos anos mais recentes devido à expansão desta bonita ave levantam-se muitas vozes, incluindo de caçadores, sendo que alguns são mesmo meus amigos e companheiros de caça,  a defenderem que se deveria abrir a caça ao Pombo-torcaz, e isto como forma de minimizar os prejuízos que esta espécie estaria a provocar na agricultura.
O caminho nos Açores não deve ser este, mas sim indemnizar os prejuízos eventualmente causados pela espécie e elucidar e ajudar os agricultores para que adotem medidas naturais e ambientais de proteção das suas produções agrícolas.
Sabemos que, por exemplo, na Ilha do Pico andam a envenená-los, o que é considerado um crime, mais um que está a ser cometido nestas nossas Ilhas.
A abertura da caça a esta espécie significaria um retrocesso na nossa civilização e municiaria os grupos anti caça de mais um argumento poderosíssimo no combate à caça e aos caçadores.

Texto e fotografia da autoria de Gualter Furtado

Gualter Furtado, um dos caçadores vivos  dos Açores que mais Pombos-torcazes cobrou nos Açores e em Portugal.
A foto é de um borracho de Pombo-torcaz-dos-Açores, captada pelo autor numa mata da Ilha de São Miguel.

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